Plinio Corrêa de Oliveira
Ação
Católica e vida interior
Legionário, 11 de abril de 1943, N. 557, pag. 4 |
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Pintura no batistério da Basílica de São João de Latrão, em Roma “Se o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que a edificam”, diz o salmista. E Deus não estabeleceu outra base para nossa salvação senão Jesus Cristo. Portanto, todo edifício que não é construído sobre esta pedra firme é como se fosse elevado sobre a areia movediça e, mais cedo ou mais tarde, cairá infalivelmente. Para que floresça e frutifique o nosso apostolado na Ação Católica, torna-se indispensável essa vida sobrenatural que é a Vida de Nosso Senhor Jesus Cristo em nós. A realização prática desse ideal de vida interior sem a qual não pode existir a Ação Católica se acha naquela perfeita comunhão a que chegou o Apóstolo das Gentes: “Já não sou eu que vivo, é Jesus Cristo que vive em mim”. Daí decorre a conclusão que em nossas lides de Ação Católica devemos regular nossas inclinações naturais e nos esforçar por adquirir o hábito de julgar e de nos dirigir em tudo de acordo com as luzes do Evangelho e os exemplos de nosso Divino Salvador. O alvo de todos nossos trabalhos de apostolado deve ser tornar todo homem perfeito em Jesus Cristo, porque só nEle habitam toda a plenitude da Divindade e toda plenitude de graças, de virtudes e de perfeições. Pertencemos a Nosso Senhor Jesus Cristo como Seus membros e servos, que Ele resgatou por um preço infinitamente caro, pelo preço de Seu Sangue. Antes do Batismo, per- (lapso tipográfico; acrescentamos uma frase que dê sentido ao pensamento exposto neste parágrafo: pertencíamos a satanás). O Batismo nos tornou verdadeiros escravos de Jesus Cristo, e assim não devemos viver, trabalhar e morrer senão para glorificar esse Homem-Deus em nosso corpo e faze-Lo reinar em nossa alma, porque somos Sua conquista e Sua herança. *** Estas verdades, que se aplicam de modo absoluto a Nosso Senhor Jesus Cristo, também se aplicam de modo relativo a Nossa Senhora. Tendo-A Jesus Cristo escolhido para companheira inseparável de Sua Vida, de Sua Morte, de Sua Glória e de Seu poder no Céu e na terra, deu-Lhe, por graça, relativamente a sua Majestade, os mesmos direitos e privilégios que Ele possui por natureza. “Tudo o que a Deus convém por natureza, convém a Maria pela graça”. De modo que, segundo os Santos Padres, tendo ambos a mesma vontade e o mesmo poder, tem ambos os mesmos súditos e os mesmos servos. A Santíssima Virgem foi o meio de que Nosso Senhor se serviu para vir a nós. É também o meio de que nos devemos servir para ir a Ele. Nossa Senhora não é como as outras criaturas que, se a elas nos apegássemos, poderiam afastar-nos em vez de nos aproximar de Deus. Unir-nos a Maria Santíssima é unir-nos a Jesus Cristo, seu Filho. É por isso que São Boaventura, repetindo o que já haviam afirmado os Santos Padres, diz que a Santíssima Virgem é caminho para ir a Nosso Senhor. Para que floresça e frutifique o nosso apostolado na Ação Católica, para que nos guiemos em tudo de acordo com as luzes do Evangelho e possamos seguir os exemplos de Nosso Divino Salvador, indispensável se torna que recorramos sempre à Rainha e Soberana do Céu e da terra, Mãe de Deus e Mãe dos homens, Medianeira de todas as graças, dessas mesmas graças, sem as quais, ao tentarmos lançar as bases de qualquer obra, apenas edificaremos sobre a areia. |