Plinio Corrêa de Oliveira
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A queda da Áustria
Legionário, 14 de março de 1943, N. 553, pag. 2 |
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O imperador Carlos, a imperatriz Zita e o herdeiro Otto von Habsburg, no dia da coroação deles como Rei e Rainha da Hungria (31 de dezembro de 1916) Acaba de transcorrer o quinto aniversário da anexação da Áustria ao Reich nazista. Assim, a última fracção do que fora em outros tempos o Sacro Império Romano Alemão, pilar da Igreja Católica, foi deglutida por outro império, instituído por Lutero no seio do povo alemão, império ímpio e satânico, reino do Anticristo, que atingiu pleno desenvolvimento com Hitler, o imperador sem coroa e sem a unção dos santos óleos, o imperador que não foi eleito pelos Príncipes, mas se alçou ao poder nos ombros da demagogia, o imperador democrático, igualitário, camarada, sem nobreza, sem dignidade. Carlos Magno, Sato Oton, Santo Henrique, Imperadores sagrados pelos Papas, foram as vigas mestras desta edificação, austera e majestosa, do mais puro estilo gótico: o Sacro Império Romano Alemão, o braço direito da Igreja na instituição da ordem, do direito, da civilização, da cultura, da vida cristã, em épocas perturbadas, cheias do tropel dos bárbaros. O Sacro Império foi tão belo e perfeito em sua organização interna que, mesmo quando houve Imperadores ímpios, o seu arcabouço continuou compenetrado do espírito da Igreja e foi um obstáculo intransponível ao despotismo dos novos Césares. Contra eles se chocaram os maus Imperadores, e ficaram esmagados. E este Sacro Império possuía uma ideologia, à qual se subordinava, e que lhe dava sentido: a propagação da Fé, a defesa da Igreja. Hitler é o imperador do império profano e ímpio. Ao redor de sua pessoa há uma áurea de mistério, uma legenda de vida ascética: ele é o demiurgo do Mito do século XX. E o seu império também tem uma ideologia: a propagação do nazismo, a destruição da Igreja. Há cinco anos a Áustria, fragmento glorioso do Sacro Império fiel à sua fé, fiel ao seu destino histórico, durante os últimos séculos centro de gravidade do Império de Carlos Magno, foi sacrificada pela covardia, pela traição, pela hipocrisia de um mundo que voltou as costas a Deus. E, no entanto, o Sacro Império ainda vive; vive no sacrifício dos que foram abatidos quando carregavam, a despeito de tudo, a tocha de um grande ideal: Dollfuss, Schuschnigg. E, ao terceiro dia, ressuscitará. |