Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Cavalhadas anticlericais

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 3 de janeiro de 1943, N. 543, pag. 2

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“O batismo, as missas, o casamento, os responsos... Não faltam em verdade pretextos ao cura para explorar a miséria do índio.

“O cura pinta-lhe um inferno onde abundam as grelhas, as tigelas de azeite inferno, dá então ao cura toda a torcida que manejam compridos tridentes. E o índio para salvar-se deste inferno, dá então ao cura tudo o que tem: o seu dinheiro, as galinhas, os seus cordeiros. E o cura engorda, engorda, engorda”.

Como veem os leitores, será difícil encontrar espécimen mais característico de anticlericalismo rasteiro, atamancado, reles, cafajeste, boçal. Para escrever o que transcrevemos acima não basta ser anticatólico: é preciso haver perdido a compostura, a responsabilidade, o bom senso e o bom gosto. Uma pessoa inteligente, e que tenha um pouco de espírito e de educação, jamais atacará a Igreja por este modo, mesmo porque isto é chocante, nos ambientes pouco mais refinados.

Esta espécie de anticlericalismo, que pretende apontar o Padre como um vulgar aproveitador da crendice e da superstição populares, um “escroc” [trapaceiro, n.d.c.] portanto, apesar de ter sido um dos prediletos da literatice e do insondável cretinismo do século XIX, fracassou redondamente. Só mesmo certos burgueses, enriquecidos em tráficos escusos, e alguns rebotalhos humanos enlameados de corrupção ainda ousam repisar a tecla.

Para esta gente, a atividade sobrenatural da Igreja, que plasmou uma civilização e deu à humanidade os únicos princípios sólidos da dignidade humana, tem uma única finalidade: ganhar dinheiro, fazer engordar os Padres. E, naturalmente, também foi para engordar os missionários de todos os tempos, desde os que converteram a Inglaterra e a Alemanha até os que hoje trabalham nas selvas brasileiras, deixaram suas famílias e suas pátrias.

Esta gente, que rejeita o Catolicismo por causa do progresso técnico, não quer ver que a técnica é aptidão mais baixa da inteligência humana, e que a inteligência humana, porque se absorveu na técnica, não foi capaz de ir além, fez desta mesma o instrumento de suplício do homem moderno. Técnica e corrupção, eis as coordenadas dos tempos presentes; e aí definha o homem.

Porem, há uma coisa, que há de fazer pasmar nossos leitores. Quem publicou aquelas tiradas anticlericais não foi a “Lanterna”. Foi a “Folha da Manhã” em suplemento dominical.


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