Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Proteção da família

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 22 de novembro de 1942, N. 537, pag. 2

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O Departamento Administrativo do Estado tem aprovado diversos projetos decretos-leis municipais, que dispõem “sobre organização e proteção da família”. Até agora, que saibamos, já foram aprovados os projetos enviados pelas Prefeituras de Aparecida, Tabapuã, Queluz, Piratininga, Guaratinguetá, Ipaussú, Pinheiros, Pirambóia e Areias. É verdade que estes projetos têm a sua vigência condicionada à aprovação do Presidente da República, mas tudo indica que esta aprovação será dada, assim que receberem parecer favorável do Departamento Administrativo, que evidentemente deve estar perfeitamente compenetrado do espírito e das diretrizes da política nacional. Ora, o Estado de São Paulo possui, aproximadamente, uns 250 municípios, e o Brasil, bem mais de um milhar. É óbvio que não serão apenas aquelas nove Prefeituras que terão a ideia de dispor sobre a matéria; portanto, é de crer que, dentro de um prazo relativamente breve, teremos mais de um milhar de decretos-leis dispondo sobre a organização e proteção da família.

Tudo o que toca de perto a família, tais sejam sua proteção, e, máxime, sua organização, interessa vivamente a Igreja, pois a família é o grande baluarte, ao mesmo tempo que o grande foco da civilização cristã, que a Igreja, por ordem de Jesus Cristo, institui no mundo: Omnia instaurare in Cristo [Tudo restaurar em Cristo]. Tempo houve mesmo em que a organização da família caía inteira sob a jurisdição da Igreja, o que é, aliás, um seu direito inalienável, de que Ela jamais abrirá mão. Ora, eis que, dentro em pouco, vigorarão, por todo o território brasileiro, nada menos de umas mil e quinhentas legislações diferentes sobre a “organização e proteção da família”.

O fato não deixa de nos inquietar um pouco, a nós, católicos, que, afinal de contas, somos a imensa maioria da população brasileira. Não queremos duvidar das intenções dos que vão promover esta imensa legislação. Mas, será que em todos estes mil e quinhentos decretos-leis serão atendidas as legítimas exigências da Igreja em assunto tão delicado? Há proteção e proteção da família; muito especialmente há organização e organização da família. Sabemos muito bem como é que os totalitarismos protegem e organizam a família, aviltando-a ao papel de uma simples chocadeira humana, considerando nos filhos apenas e exclusivamente o valor animal ou de atitude para a nação, que devem ser produzidos em série e serem educados estandardizadamente. Por isso mesmo, devem os católicos emprestar sua colaboração à confecção destes decretos-leis, a fim de lhes dar inspiração católica. [no original estão faltando algumas palavras após estas aqui transcritas, n.d.c.]


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