Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
A humanização do direito

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de outubro de 1942, N. 533, pag. 2

  Bookmark and Share

 

Um dos contrastes mais interessantes da imprensa paulistana é apresentado pelo “Diário Popular”, que, ao lado de sua tradicional pacatez, deu de publicar artigos furiosamente bolchevistas, em que as mais rubras baterias são assentadas contra a família. A seguir os desejos do extremado articulista que costuma frequentar as sossegadas colunas do “Diário Popular”, o Brasil se transformaria num imenso curral, em que os porcos refocilariam tranquilamente na lama, sem qualquer entrave a suas inclinações suínas. E isto é chamado pomposamente “humanização do direito”.

Foi em nome da “humanização do direito” que, ainda na semana passada, o tal desafinado jornalista voltou à carga, exigindo o estabelecimento, entre nós, do divórcio a vínculo. Ora, que alguém seja partidário do divórcio é uma lástima sobre ser rematada estupidez. Mas que alguém queira o divórcio por causa da “humanização do direito”, é pura hipocrisia, de fazer corar até os sepulcros caiados.

Está se vendo que o articulista é dos tais que não admitem nenhuma distinção essencial entre o homem e o animal, e que ainda professam piamente o credo embolorado de Darwin, Lamarck, Haeckel e outras preciosidades paleontológicas. Não se admitindo, pois, nenhuma diferença qualitativa entre o homem e o animal, daí se segue logicamente que o homem deverá dar vasão a seus instintos animais, sem o constrangimento dos “preconceitos”, nada menos do que os porcos do curral acima referido. Mas então que se tenha a coragem, a lealdade e a hombridade de dizer abertamente que se deseja a “animalização do direito”.

Aliás, se por “humanização” se quer entender a ausência de todo constrangimento penoso, então seria necessário ir às mais radicais consequências. Assim, por exemplo, se alguém tem muita vontade de roubar, que roube; se tem muita vontade de matar, que mate; se têm muito medo de servir à Pátria em tampo de guerra, coitado, que não vá para a guerra. E, como toda civilização implica numa disciplina, num controle nacional que impõe muitos constrangimentos, seria melhor acabar com a civilização, em nome da ”humanização do direito”.

Como se vê, para semelhante espécie de “humanização” só existe um remédio: creolina.


Bookmark and Share