Plinio Corrêa de Oliveira

 

Nazismo e Comunismo

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 11 de outubro de 1942, N. 531

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As oportuníssimas declarações de S. Eminência o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro vieram pôr um ponto final na celeuma levantada a propósito da atividade dos sacerdotes estrangeiros entre nós. Afastou-se, com isto, qualquer perigo de se transformar a reação patriótica contra as agressões cristãs de que o Brasil foi vítima, em um movimento chauvinista no pior sentido da palavra, isto é, um jacobinismo de tal maneira tacanho e estreito que se voltava contra o que há de mais típico na Igreja, que é o seu caráter católico e universal.

Nunca será suficiente acentuar que, se bem que tenha agido exclusivamente como Pastor e Príncipe da Igreja, S. Eminência o Cardeal Dom Sebastião Leme prestou, com a sua atitude suave e firme, um inestimável serviço ao País, eliminando com prudência e sabedoria um problema que viria criar inutilmente uma grave crise interna entre nós.

Desanuviada esta parte de nossos horizontes, devemos abordar agora outra questão, que diz respeito ao sentido da guerra.

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É evidente que o grande motivo que levou nosso governo a declarar guerra ao Eixo foi o desagravo do brio nacional duramente golpeado com o afundamento de navios brasileiros em nossas próprias águas territoriais. Entretanto, convém acrescentar que esta guerra tem repercussões ideológicas importantes, as quais não podem nem devem ser indiferentes à opinião católica. Esta afirmação assume um aspecto de evidência meridiana, desde que se tome em consideração que, ganha a guerra pela Alemanha, o flagelo nazista se estenderá sobre toda a terra, acarretando implicitamente uma perseguição religiosa em comparação da qual parecerão insignificantes as mais graves perseguições que a Igreja tenha sofrido em outros tempos. Todo católico tem duas pátrias, uma espiritual que é a Igreja, e outra temporal.

Os interesses de ambas coincidem plenamente. Não é só como brasileiros, mas ainda como católicos que devemos lutar resolutamente.

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Não se pode afirmar simplesmente que os interesses da Igreja "coincidem" com os da Pátria: eles se interpenetram. Com efeito, o Brasil só será idêntico a si mesmo, só conservará a continuidade de seu espírito - no que conste em essência a sobrevivência de uma Nação - se se conservar católico no sentido mais pleno e radical desta insofismável palavra.

Assim, defender a integridade do Brasil, [é defender] a integridade de seu espírito, antes mesmo da inviolabilidade de suas sagradas fronteiras geográficas.

Reciprocamente, defender as fronteiras brasileiras é insigne obra de catolicidade, não só porque o patriotismo é uma virtude sobrenatural que a Igreja sempre pregou, como ainda porque defender o Brasil é defender uma das maiores potências católicas do mundo.

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Tudo isso explica porque, combatendo o nazismo, devemos fazê-lo sustentando sua essencial identidade com o comunismo. É ridículo e antipatriótico pretender-se que o estado de beligerância em que se encontra o Brasil nos deve levar a qualquer atitude de complacência, dentro de nossas fronteiras, com elementos direta ou indiretamente suspeitos de comunismo. É insigne desserviço prestado à Igreja e à Pátria. O problema da repressão ao comunismo não afeta nossa política externa. É uma questão doméstica, na qual nos devemos mostrar absolutamente intransigentes, porque a doutrina de Marx é, tanto quanto sua sósia nazista, inimiga capital do Brasil e da Civilização Católica e por tal título merece ser tratada com a única estratégia que convém na luta contra inimigos capitais: a intransigência.


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