Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 30 de agosto de 1942, N. 520, pag. 2 |
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Anda flutuando por aí um folhetinho de quatro páginas, editado por «um católico». Este «católico», depois de longas transcrições, tece, no fim, o seu comentário, escrito no mais autêntico caçange e, para coroar tudo, pespega o seu pseudônimo: «Um Católico». Este «católico» é o mais autêntico protestante de que temos memória; e, se não fossem suficientes outras provas, bastaria o seu método confusionista de se dizer católico, para melhor propagar suas doutrinas protestantes. O folheto em questão procura assustar os espíritos e perturbar as consciências com um fantasma: nada mais, nada menos do que com um destes fantasmas soturnos de dramalhão antigo. E o fantasma que é atirado em grande estilo sobre os incautos é este: a ignorância da Bíblia por parte dos católicos. Ora não nos devemos assustar, por tão pouco. A letra mata, o espírito vivifica, diz São Paulo. De que adianta aos protestantes gastar a inteligência e a memória sobre a Bíblia, chegando à perfeição de decorar textos, e embasbacar os ouvintes com citações minuciosas de versículos, capítulos, livros, e o que mais haja? Com toda esta superfetação bíblica, eles jamais chegam ao conhecimento da verdade, porque jamais chegam à verdadeira Fé, que é só uma, e não pode ser mais do que uma, pois, do contrário, Deus já não seria verdadeiro. O espetáculo das inúmeras e incontáveis seitas, que vivem a digladiar-se a respeito de todos os versículos da Bíblia (e mais briga haveria se mais versículos existissem) é uma prova eloquentíssima do que afirmamos. A verdadeira Fé consiste em aderir às verdades reveladas por causa da autoridade de Deus, manifestada pelo magistério da Igreja. Assim, qualquer menino que sabe e professa o Primeiro Catecismo da Doutrina Cristã, vale muito mais do que qualquer protestante que saiba de cor e salteado toda a Bíblia, com os respetivos livros, capítulos e versículos. Porque este menino possui o espírito das Escrituras, e o protestante apenas conhece a letra da Bíblia, e só acredita naquilo que quer e do modo porque quer acreditar. E é por isso que a Igreja afirma que quem nega um só artigo de Fé, nega por isso mesmo todos os artigos. Porque quem nega um só artigo de Fé, está se baseando em sua razão particular e não mais na autoridade de Deus, manifestada pelo magistério da Igreja. Evidentemente, os católicos hão de interessar-se pelas Escrituras. Mas sem nenhum frenesi, sem nenhum nervosismo, sem nenhuma afobação. Mesmo porque o leite da doutrina, ministrado maternalmente pela Igreja, contém a essência, o verdadeiro sentido das Escrituras, alimento facilmente assimilável pelos fiéis de piedade simples e sincera. |