Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 28 de junho de 1942, N. 511, pag. 2 |
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Os nossos leitores já se devem ter acostumado a ver, nas reportagens da guerra, notícias e fotografias que dão conta da assistência religiosa, prestada oficialmente às tropas. Assim, no Exército e na Marinha norte-americanos os católicos possuem toda uma complexa organização, que compreende não só os serviços prestados pelas muitas instituições particulares, com permissão e apoio do Governo, como também uma rede de capelanias, consideradas parte integrante do Exército, sustentadas pelos cofres públicos, com todas as honras e atribuições do oficialismo. O mesmo se dá nas forças britânicas, onde os padres católicos também têm suas insígnias. E, ao que parece, o capelão é figura integrante dos quadros da maioria das forças armadas modernas. É interessante notar que os católicos, nos Estados Unidos e na Inglaterra, embora sejam forças poderosas e bem organizadas, são, contudo, a minoria naqueles países. Isto, entretanto, não foi obstáculo para que os respectivos Governos admitissem os padres católicos na organização da Marinha e do Exército. Tal atitude é o que pode haver de mais razoável, e se justifica por uma infinidade de razões, das quais queremos destacar três, mais comezinhas, de simples senso comum. Em primeiro lugar um dos fatores preponderantes de qualquer organização bélica é a situação moral do elemento humano. Segundo, só a religião é apta para conseguir a melhor situação moral deste elemento humano. Enfim, aqueles que sacrificam seus confortos e expõem sua vida pela sua pátria têm o direito de receber dela o apoio espiritual de que necessitam, e assim poderem enfrentar a morte com a consciência em paz. Ora, seria muito bom que o Brasil imitasse, neste ponto, o exemplo daquelas nações, a cujo destino se ligou. Acresce, ainda, que a nossa população é católica em sua esmagadora maioria. E não deixa de ser chocante, que nós, um país católico, ainda não tenhamos capelães militares, quando outras nações, de maioria não católica, já os possuem. Este fenômeno só pode ser explicado por uma sobrevivência de últimos frutos da estreita mentalidade positivista que, algum tempo, dominou entre nós. Acreditamos, porém, que esta última sobrevivência logo venha a desaparecer, e estamos quase a dizer que é só por esquecimento que ela ainda vigora. De qualquer forma, agora que a mocidade brasileira começa a ser convocada para os quartéis, é urgente que ela não fique abandonada naquilo que ela tem de mais precioso, a sua alma. |