Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 28 de dezembro de 1941, N. 485, pag. 2 |
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A 2ª Pastoral Coletiva do Episcopado Paulista, que tão virilmente desmascarou e apontou os males que minam a nossa sociedade, apresenta num trecho curto, mas incisivo, um dos males mais profundos entre todos, pois que está na raiz dos demais: “O mal está de pé e pompeia em toda a parte, porque estamos nós encolhidos, tímidos, sem a necessária coragem para reagir”. Graças a Deus, podemos afirmar, esta acusação tão grave não foi feita contra nós. O LEGIONARIO foi, é, e continuará a ser, com a graça de Deus, uma reação constante contra tudo o que for contrário ao Dogma e à Moral católicos. Por causa disso, não poucos dissabores temos sofrido, e, se por mais de uma vez, não nos manifestamos com nitidez necessária a respeito de vários problemas, foi porque a prudência nos aconselhava, para evitar mal maior, a não escandalizar a timidez dos que estavam encolhidos diante da audácia dos inimigos de Jesus Cristo. Se agora dizemos estas coisas, não é para satisfazer a um ridículo desejo de vanglória, mas porque a lição austera do Episcopado Paulista não deve ser olvidada. Infelizmente, vai-se obnubilando em certos espíritos a noção elementar de que entre o bem e o mal, entre o erro e a verdade, há barreiras intransponíveis, oposições inelutáveis, conflitos irremediáveis. Há, mesmo, os que se sentem incomodados com a santa intransigência que repele quaisquer compromissos com as trevas. E há, enfim, os que querem fazer dos compromissos e das transações uma espécie de norma, que deve ser observada sistematicamente. Esta atitude, que muitas vezes procura razões especiosas numa vã filosofia, e pompeia com a falsa aparência de verdade profunda, nada mais é do que isso: timidez, covardia, respeito humano. E se não é isso, é muito pior do que isso. De qualquer forma, é coisa péssima, pois tudo aquilo que não é sim sim, não não, vem do demônio. A voz do Episcopado, porém, se fez ouvir com uma clareza insofismável. O espírito de acomodação é o pior inimigo; contra ele devemos opor o verdadeiro espírito da Igreja, que é apostolicamente combativo. Quem não estiver de acordo, saiba que também não está de acordo com os Bispos da Província. Mais do que nunca, é preciso tomar nitidamente o partido de Deus, para não trair a própria Fé. “Organizemo-nos para a luta e tenhamos o desassombro e a altivez de tomar partido por Deus, pela Igreja, pela família e pelo Brasil!” |