Plinio Corrêa de Oliveira

 

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O Padre Nosso ao Vigário

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 21 de dezembro de 1941, N. 484, pag. 2

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“O Cristianismo enfrenta hoje a crise mais séria desde que a Igreja saiu das catacumbas. Encontra-se, mesmo, diante de duas forças subversivas, ambas controlando poderosos governos, ambas disputando o domínio do mundo”. Estas palavras, proferidas pelo Episcopado norte-americano, têm um sentido inequívoco, têm mesmo um sentido intuitivo para qualquer pessoa que não se tenha alheado inteiramente do convívio humano. Depois que o Santo Padre Pio XI afirmou, na encíclica “Divini Redemptoris”, que “povos inteiros se encontram no perigo de recair em uma barbárie pior que aquela em que jazia o mundo ao aparecer o Divino Redentor”, ninguém poderá duvidar, em sã consciência, que o mundo atravessa uma crise gravíssima, e que, portanto, o Cristianismo tem de enfrentar esta crise.

Também se torna evidente que, tratando-se de vencer uma crise de violência inédita, o Cristianismo, embora confiante do resultado final, terá de empenhar a fundo as suas melhores energias. E, como sempre acontece, quando procuram exterminá-lo, o Cristianismo não atravessa uma época fácil, mas difícil, embora possa vencer todas as dificuldades, e realmente as leve de vencida.

A afirmação do Episcopado norte-americano tem, por conseguinte, um significado claro, de uma corajosa precisão, e que se esclarece ainda mais pelo seu complemento. A crise que o Cristianismo enfrenta consiste principalmente nisto: duas forças controlam poderosos governos disputam o domínio do mundo.

Quais são estas duas forças, a que alude o Episcopado norte-americano? Não podem ser outras que não o nazismo e o comunismo, já estigmatizadas por Pio XI. De fato, todas as demais “forças subversivas”, que se agitam hoje pelo mundo, não têm substância própria, mas são meras caudatárias do nazismo ou do comunismo. A palavra dos Bispos norte-americanos é, pois, de uma transparência cristalina, e pode ser perfeitamente bem entendida por qualquer espírito reto. Foi por isso que a “Fanfulla” [veículo de comunicação da comunidade italiana no Brasil, existente desde 1893, n.d.c.] sofismou grosseiramente esta palavra tão virilmente nítida, para atacar mais grosseiramente ainda o Episcopado norte-americano.

Os Bispos norte-americanos afirmaram que o Cristianismo enfrenta uma crise inaudita, e só um perfeito idiota poderia negar este fato. A “Fanfulla” torce cavilosamente esta afirmação, e diz que os Bispos norte-americanos afirmaram que o Cristianismo atravessa uma grave crise interna; e, por aí, não tem dificuldade para acusar de heresia a todos aqueles Bispos.

Já se vê que a “Fanfulla” tomou as dores do nazismo, mas, não ousando atacar abertamente a Igreja, preferiu tomar a atitude hipócrita de defensora da boa doutrina. Não poderia haver pior ocasião de ensinar o Padre Nosso ao Vigário, e com sofisma tão barato.


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