Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Desfiles escolares

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 16 de novembro de 1941, N. 479, pag. 2

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Limitamo-nos hoje a transcrever uma luminosa nota da “Folha da Manhã”. Julguem nossos leitores se não é razoável, cheia das melhores intenções, e digna de figurar nesta secção:

“Os desfiles escolares são das mais belas manifestações cívicas. É a juventude que comparece com os seus sonhos e entusiasmos, disciplinada e esperançosa, dando uma ideia do que será a Pátria de amanhã. Na alma, ficam-lhe as ressonâncias da festa nacional celebrada. Despertam os sentimentos patrióticos. Ateiam-se as chamas do ideal. Arde nos corações a pira votiva do porvir maior e melhor.

“Mas, por tudo isso deve haver espontaneidade. Quando muito, apelos aos sentimentos de cada um, ao seu raciocínio, à sua compreensão do significado das cerimônias cívicas de que participam. A palavra persuasiva dos mestres é que deve levar a juventude escolar aos desfiles cívicos.

Surge, porém, para deturpar a expressão do comparecimento, a coação. De véspera, os alunos são avisados: ‘Quem não comparecer ao desfile terá quatro faltas em educação física e correrá o risco de suspensão dos exames da 4ª. prova escrita e da oral’.

“O efeito é deplorável. Nunca se saberá quem desfilou por medo de perder o ano. Os entusiastas merecem dúvidas porque não se crerá no seu entusiasmo. Os indiferentes não aproveitam a lição de patriotismo porque se convencem de que marcham apenas para não sofrer uma penalidade. Os demais regressam para casa com a amargura que acompanha todos os que sofrem qualquer espécie de coação. Quanto ao público, não terá elementos para julgar da significação real da solenidade, pois que é do geral conhecimento a cominação de penas aos ausentes.

Nosso desejo é contribuir para dar aos desfiles a sua verdadeira expressão, como prova de ideais patrióticos e sentimentos cívicos. Para isso propomos que o comparecimento seja facultativo, embora precedido de intensa propaganda persuasiva a que os mestres se entregarão na semana precedente, apelando para o cérebro e para o coração dos estudantes.

“Assim sim, os desfiles da juventude exprimirão uma atitude sincera, sem coação que lhes tira todo o brilho e toda a significação, reduzindo-os a um ato mecânico, ao contrário dos objetivos educativos e patrióticos visados pelos seus promotores.”


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