Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 13 de julho de 1941, N. 461, pag. 2 |
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O Governo acaba de fixar os preços do café. Como é bem sabido de todos, o nosso principal produto de exportação e sustentáculo da economia nacional, vinha arrastando-se desde o grande “crack” de 1929, por preços baixíssimos, que eram insuficientes para remunerar o custo de produção. Estabelecendo-se, assim, uma situação iníqua, uma vez que, embora o país venha atravessando de alguns anos a esta parte uma fase de prosperidade, contudo, os principais fautores desta prosperidade se iam arruinando, engolfando-se em dívidas cada vez maiores. Agora, entretanto, um conjunto de circunstâncias veio produzir uma sensível elevação das cotações do café na bolsa de Nova Iorque, o que permitiu ao Governo a fixação dos preços em bases que, se não são iguais às dos tempos das valorizações, em todo caso não são muito inferiores. Este fato veio determinar o levantamento social de uma classe que se achava há muito tempo com a moral abatida e desmoralizada, e, mesmo exposta ao ridículo. É verdade que este levantamento não representará nenhum enriquecimento prodigioso, porquanto a nossa moeda vale agora muito menos do que valia há uns doze anos, e, além disso, as lavouras de café se encontram simplesmente devastadas, e apenas uma sombra do que já foram. Significará apenas uma reabilitação econômica, em que ainda não será feita plena justiça a uma classe à qual o país muito deve. Não queremos dizer com isso que esta classe esteja isenta de culpas. Pelo contrário, em vários e graves erros ela incorreu. Mas é preciso reconhecer também que os arrivistas, que a exploraram e a quiseram expor ao ridículo, ainda valem muito menos do que ela. Afinal de contas, os fazendeiros, com todos os seus defeitos, têm mais direito ao bem-estar material. De fato, são eles que criaram e mantem a nossa riqueza agrícola, num país fundamentalmente agrícola. Além disso eles representam um princípio de organização tradicional e viva da sociedade, que se opõe naturalmente ao mecanicismo totalitário. E no modo de ser inevitavelmente patriarcal da vida agrícola, a família exerce sua função social benéfica e se expande sem empecilhos. Queira Deus se venham a salvar estes princípios fecundos de espontaneidade social, que se poderão opor aos vendavais revolucionários. |