Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 29 de junho de 1941, N. 459, pag. 2 |
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Deve realizar-se, dentro em breve, o primeiro congresso latino-americano de Cirurgia Plástica. Sobre o acontecimento, notável especialista desta Capital deu uma entrevista ao “Estado de São Paulo”, em que abordou importantes aspectos deste ramo interessantíssimo da Cirurgia. Assim, foram estudados o aspecto legal das deformidades físicas, os riscos e as responsabilidades das operações plásticas; e, por fim, o entrevistado aludiu ao aspecto moral e religioso destas intervenções, que seriam plenamente admissíveis sob ambos estes prismas. Qual a atitude de um católico, ante a eventualidade de uma operação plástica? Há, neste sentido uma passagem muito expressiva de São Francisco de Sales, que esclarece bastante o assunto. Diz o grande Doutor mais ou menos o seguinte: “se eu souber que um tumor maligno se vai apoderar de meu rosto e deformá-lo a ponto de causar asco aos circunstantes, devo fazer o possível para evitar que tal aconteça; porém, se tendo feito o possível para evitá-lo, o tumor se manifesta assim mesmo, devo curvar-me humildemente a esta provação que me envia a Providência e não dar maior importância ao sucedido”. Assim, em primeiro lugar, é vedada ao católico a vaidade de uma grande preocupação com o seu físico, por exclusiva complacência pessoal. Porém, por atenção com as pessoas com que deve tratar, ser-lhe-á lícito remediar suas deformidades, desde que isto seja possível sem grave risco. Além disso, será lícito recorrer à cirurgia plástica para sanar deformidades, quer oriundas de acidentes, quer de nascimento, que possam trazer grave prejuízo moral, social ou econômico. Aliás, para bem medir os casos de liceidade ou de obrigação da intervenção plástica, será sempre necessário levar em conta o estado, a posição social, a profissão da pessoa, além dos riscos da operação e as vantagens que se conseguirão. Como se vê, cada caso será um problema à parte, que irá ser resolvido de acordo com as circunstâncias próprias. Evidentemente não são admissíveis intervenções cirúrgicas com fito puramente vaidoso, como seja impedir que os velhos pareçam velhos ou para embelezar pessoas de aparência perfeitamente normal, embora não sejam propriamente tipos de beleza. Esta espécie de operação não está de acordo nem com a moral, nem com a religião. |