Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
A propaganda nazista

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de maio de 1941, N. 454, pag. 2

  Bookmark and Share

 

Continua a propaganda nazista no Brasil. Já tivemos ocasião de desmascarar um certo sr. Mello Mourão, que, abusando inescrupulosamente do nome “Ação Católica”, à qual nunca pertenceu, injuriava os verdadeiros católicos, que, seguindo a orientação da Santa Sé, combatem nazismo. Agora, outro indivíduo, que se diz professor de uma universidade brasileira (já não se pode acreditar nos títulos com que esta gente se apresenta em público), companheiro de Mello Mourão, saiu-se com um folheto indigesto, em que o nazismo não é nada mais, nada menos, do que santificado. Todos os grãos de incenso barato da bajulação foram queimados no altar dos novos ídolos.

É interessante notar que os propagandistas nacionais do nazismo costumam fazer calorosas ostentações de seus sentimentos católicos. Mello Mourão, em seu fervor, chegou a usurpar o título de membro da “Ação Católica”, que não lhe pertence. O indivíduo, que ora nos interessa, se proclama católico, apostólico, romano. Nós lhe diremos que não é católico, apostólico, romano: é um hipócrita, cheio de má fé, filho espiritual daquela “raça de víboras” condenada por Nosso Senhor Jesus Cristo, porque semeia a discórdia e a confusão entre os filhos de Deus.

O folheto deste infeliz (que Deus queira apiedar-se de sua alma!) procura demonstrar, numa linguagem de trapo, que envergonharia qualquer menino de grupo escolar, o seguinte: o nazismo é pacifista, e não é responsável pela atual guerra; o nazismo é o paladino da sinceridade no mundo moderno; o nazismo não persegue, mas protege o catolicismo. A simples enumeração das teses seria suficiente para refutá-las, tal a sua oposição aos fatos mais evidentes e insofismáveis.

Mas sempre será instrutivo recordar uns poucos acontecimentos históricos, entre muitos outros. Logo depois de subir ao poder, o sr. Hitler fez a seguinte declaração ao “Daily Mail” de Londres, que a publicou em sua edição de 5 de Agosto de 1934: “Os atuais problemas da Alemanha não podem solucionar-se pela guerra”.

Alguns anos depois, logo após a anexação dos Sudetos, afirmou em discurso pronunciado em Reichenberg, no dia 2 de Dezembro de 1938: “Neste ano se demonstrou ser tal a nossa comunidade de espírito, que estamos dispostos a arriscar o uso da espada para conseguir o que pedimos”.

Em 1º. de Fevereiro de 1934, o sr. Hitler declarou solenemente no Reichstag: “A afirmação de que a Alemanha teria a intenção de violar as fronteiras do estado austríaco é um absurdo, está desprovida de qualquer fundamento.”

E depois da remilitarização da Renânia, enviou um memorando às potências signatárias do Tratado de Locarno, em que se dizia: “O Reich não tem nenhuma ambição territorial na Europa.”

Sabemos como a Áustria e a Tchecoslováquia foram covardemente abandonadas pelos governos de Paris e Londres, e sacrificadas ao “espaço vital” de uma nação sem “ambições territoriais na Europa”, só para se evitar que uma guerra ensanguentasse o Mundo.

Quanto às perseguições religiosas do nazismo, será acusar o Vaticano de falsidade, pois do Vaticano é que se origina a maior parte das notícias neste sentido. Isto, naturalmente, fica muito bem a um companheiro de Mello Mourão, mas repugna a uma consciência verdadeiramente católica.

Aliás, é preciso não esquecer que as ordens e congregações religiosas que sofrem a perseguição nazista, também existem aqui no Brasil, e sabem de ciência própria, o que se passa com os irmãos de hábito. É necessária muita desfaçatez para negar estas coisas. Porém, a desfaçatez é o material de que são feitos os Quislings.


Bookmark and Share