Plinio Corrêa de Oliveira

 

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A crise do mundo moderno

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 20 de abril de 1941, N. 449, pag. 2

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O último livro do Revmo. Pe. Leonel Franca é, indubitavelmente, alguma coisa notável, quando explica a decadência da civilização passo a passo, pela desintegração da cultura, que o Catolicismo havia plasmado. Assim, patenteia-se à plena luz o único remédio para que a civilização não se venha a corromper de todo e desaparecer: a volta ao Catolicismo. O tema não é novo, porque é velho como a eternidade, mas o Pe. Franca tratou-o de maneira inédita.

Ora, o sr. Eloy Pontes, pelo “Globo” do Rio de Janeiro, discordou da tese do eminente jesuíta. A sua antítese é simples, talvez mais simples do que devera. Resume-se nisto: o homem é visceralmente mau, e vive sob a tirania de baixos instintos; ninguém conseguiu até boje melhorar sensivelmente a humanidade, e mesmo o Catolicismo fracassou neste intento. Além disso, a Fé católica já não teria quem a pudesse atualizar, tornando-a uma realidade vivida, mesmo porque, em suma, o próprio Catolicismo já está exausto e às vésperas de completo aniquilamento. O sr. Eloy Pontes encontra a prova de suas alegações em que a humanidade sempre viveu em lutas de mesquinhos interesses, sendo que a guerra atual é própria a tirar quaisquer ilusões a este respeito; nada conseguiu, até hoje, trazer paz ao mundo.

Em que pese ao sr. Eloy Pontes, somos forçados a dizer que tudo isto não passa de filosofia barata, de porta de café. Os que cultuam esta espécie de filosofia costumam colocar-se modestamente acima de filósofos de verdade, de historiadores, e até acima dos mais insofismáveis fatos históricos, como este fato que é a Igreja, nascendo e desenvolvendo-se neste mundo, apesar de pregar exatamente o contrário dos instintos baixos.

Entretanto, é bem que se diga, os que explicam a evolução da humanidade pelo entrechoque de interesses mesquinhos, não perceberam senão a superfície dos fatos. Os males que vêm ao mundo por culpa dos “interesses mesquinhos”, é algo de reles e medíocre. A malícia humana é capaz de muito mais. Os verdadeiros males caem sobre a terra por meio de indivíduos e turbas possuídas de ideologias falsas e de místicas teratológicas, estes indivíduos e estas turbas serão capazes de sacrificar todos os interesses pessoais, máxime os mesquinhos.

Vê-se que as guerras são o supremo escândalo do sr. Eloy Pontes, que desejaria reinasse no mundo um sosseguinho pacato, a possibilitar um bom sono, uma digestão melhor, e a satisfação calma de pequenos vícios pouco limpos. Foi isto, exatamente, que gerou este pacifismo acovardado, estilo Lindberg, que vem abrindo as portas à invasão do totalitarismo. Entretanto, quem disse que o Catolicismo quer trazer esta paz?

Nosso Senhor Jesus Cristo disse: “Não julgueis que vim trazer a paz, mas a espada”. A paz do mundo, nós católicos, a repelimos, a detestamos, a maldizemos. Mas a verdadeira paz, a paz de Cristo no Reino de Cristo, a paz que se encontra no coração dos filhos de Deus e se irradia sobre todas as coisas, paz que se acha em oposição constante à paz do mundo, paz imensa e indefectível, imperturbável e superabundante, esta paz já está sobre a terra desde que Nosso Senhor Jesus Cristo morreu na Cruz, sobre o Calvário.


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