Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 13 de abril de 1941, N. 448, pag. 1 |
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Os inimigos da Igreja prosseguem na tarefa inglória e inútil que se propuseram de quebrar a unidade religiosa do Brasil. Principalmente os protestantes e espíritas se agitam, se esfalfam e se estropiam nos esforços para alcançar aquele objetivo. Acontece, entretanto, que nem tudo corre ao sabor de seus desejos, e não lhes têm faltado amargas desilusões. Foi o que sucedeu ainda há pouco aos espíritas. A se dar crédito à propaganda que faziam, o espiritismo já estaria vitorioso, de tal forma que o Estádio Municipal iria ficar abarrotado e superlotado de espíritas na “Concentração da Vitória”, que lá se realizou. Apesar disso, afora os maus espíritos, que deveriam ter pululado por lá, a “Concentração” terminou com umas escassas quinhentas pessoas, que tiveram a coragem suficiente para enfrentar os três discursos do sr. Caetano Mero, homem de fôlego interminável e de não menor pertinácia. Não obstante, a propaganda contornou a derrota da “Vitória”, fez uns passes de mágica, sobre o fracasso, de maneira que muita gente ainda poderá estar pensando que a “Concentração” foi mesmo uma demonstração de força. A mesma coisa deve ter acontecido com um “retiro espiritual” organizado pela “Associação Cristã de Acadêmicos”, durante os três dias de carnaval. Segundo as notícias espalhafatosamente difundidas, teriam comparecido a este “retiro” 140 estudantes. Embora esta cifra nada queira dizer, pois certamente ali foram incluídos ginasianos, o LEGIONÁRIO já a pôs em dúvida. Certo jornalzinho protestante não gostou disso, e rebateu a nossa dúvida, dizendo que os 140 eram mesmo 140. Continuamos a duvidar, porém, visto como esse boletim protestante não apresentou nenhuma prova concludente. Além disso, é preciso considerar que um “retiro” protestante é uma coisa diametralmente diversa de um retiro católico. Um “retiro” protestante é assim uma espécie de reunião esportiva e recreativa. Assim, nada mais provável que muitos daqueles 140 tenham ido ao “retiro” como quem vai a uma colônia de férias. São indiferentes em matéria religiosa, que não tiveram outra preocupação a não ser descansar e divertir-se. Muitos mesmos, nem tenham sabido que aquilo era um retiro e ficariam muito admirados se lhes fossem dizer isto. Releva notar ainda que o protestantismo não é um todo homogêneo como o Catolicismo, mas é antes um saco de gatos, onde um número incontável de seitas que se odeiam, se digladiam e se desmentem reciprocamente. Os 140 estudantes que teriam feito “retiro espiritual” da “Associação Cristã de Acadêmicos” poderiam ser todos de uma única seita? Aí está uma curiosa questão. |