Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Alto e baixo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de março de 1941, N. 443, pag. 2

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Em um comentário sobre o espiritismo, afirmou a “Folha da Manhã”, na semana passada: “Escorados fortemente na credulidade da massa anônima, os espertalhões fazem da ciência e do nome de Alan Kardec mero pretexto para ludibriar o próximo, desmoralizando-se, desmoralizando os partidários sinceros do espiritualismo e desmoralizando a cidade”.

Aí se vê mais uma vez a cediça distinção entre o alto e baixo espiritismo, atribuindo-se àqueles foros de ciência e até mesmo o monopólio do espiritualismo, como fez o redator da “Folha”, e, a este, todos os males e desvarios da natureza humana. Ora, nada há tão falso.

Em primeiro lugar, o “baixo espiritismo” não é praticado apenas por espertalhões. Há muitos “macumbeiros” sinceramente compenetrados de suas funções, tanto que chegam até o crime, no fanatismo que os agita. E quem negará que não haja burla e charlatanice mesmo no “alto” espiritismo?

Além disso, tudo é igual no “alto” como no “baixo” espiritismo. Ambos são ridículos, em ambos se procuram comunicações com o além, em ambos se quer desvendar o futuro, em ambos se pretende a cura de enfermidades, em ambos se corre ao encalço da felicidade por meio de poderes misteriosos, e ambos levam igualmente ao hospício. Será que, o fato de num imperar o “macumbeiro”, e de noutro dominar o médium altera a essência da coisa? E se um é mais grosseiro, e outro mais refinado, se num se recebem comunicações idiotas do “Pai Jacob”, e no outro se ouvem poesias aleijadas de Olavo Bilac, será isto suficiente para levantar uma barreira entre ambos?

Ainda há poucos dias nos encontramos casualmente com uma pessoa que havia descido muito no lodaçal dos vícios, e soubemos que, por última infelicidade, se havia tornado espírita. Esta pessoa, após nos haver dito que era “espiritualista”, pois que era preciso confiar no espírito e não na matéria perecedoura e caduca, saiu-se-nos com uma linguagem imunda e constrangedora, que demonstrava, um deplorável estado moral. Logo que nos pudemos desvencilhar, uma pergunta acorreu-nos: que espécie de espiritualismo é este?

Mas é preciso não esquecer que o demônio é também um espírito, puro espírito angélico, embora decaído, embora pervertido...


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