Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Os menores e o carnaval

 

 

 

 

Legionário, 23 de fevereiro de 1941, N. 441, pag. 2

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Graças a Deus, acentua-se a decadência do carnaval entre nós. Apesar de todos os esforços para reanimá-lo, esforços que bem poderiam ter melhor aplicação, nota-se um desânimo acentuado, uma absoluta frieza, uma indiferença geral. Além disso, verifica-se que o carnaval vai descendo a um nível cada vez mais baixo, vai manifestando cada vez mais abertamente a sua essência diabólica, ao mesmo tempo indecorosa e tenebrosa de mistério impuro, de maneira a desgostar profundamente aqueles que brincavam com esse abismo apenas por leviandade. Assim, muitos preferem retirar-se para lugares de repouso, onde possam descansar um pouco da vida frenética de São Paulo.

Por outro lado, o sucesso dos retiros fechados do Carnaval, em tão boa hora iniciados pela Federação das Congregações Marianas, é um fato patente, insofismável, magnífico. Pareceria impossível que rapazes na flor da idade viessem a desprezar as seduções do prazer, a fim de se voltarem austeramente para as preocupações elevadas da vida espiritual. Mas o que parecia impossível há uns quinze anos, é hoje uma realidade soberba. Pela graça de Deus existe em São Paulo uma juventude verdadeiramente viril, que sabe distinguir-se da multidão anônima dos pseudo-homens, que vive escravizada a vícios degradantes, porque não tem coragem de reagir.

Esta ocasião, em que uma atmosfera de fracasso envolve os festejos carnavalescos, poderia ser otimamente aproveitada pelas autoridades públicas, para pôr cobro, uma vez para sempre, num divertimento tão deseducador das massas populares, e, especialmente, tão nefasto aos menores em geral. Entretanto, a portaria que o M. Juiz de Menores fez baixar já há alguns dias, regulamentando esta matéria, é tímida e, para dizer toda a verdade, inócua. Quando o Carnaval terminar haveremos de ver, na linguagem fria das estatísticas, as vidas adolescentes para sempre arruinadas apesar desta Portaria. Neste documento, a principal preocupação foi a saúde das crianças, que se é uma coisa digna de desvelos, é um bem infinitamente menor do que a inocência e a virtude. Mas por que não se acabam de uma vez com os “vesperais infantis”, que nada mais fazem do que deformar inteiramente a mentalidade dos menores? Por que não se proíbem terminantemente que eles participem de quaisquer bailes carnavalescos?

O Carnaval agoniza, a oportunidade é excelente.


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