Plinio Corrêa de Oliveira

 

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O respeito à hierarquia

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 2 de fevereiro de 1941, N. 438, pag. 2

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Constitui dever elementar de todo verdadeiro católico o respeito mais completo por aqueles que, em virtude do Santo Sacramento da Ordem, se acham investidos de dignidade, no seio da Igreja. Segue-se daí que todo verdadeiro católico é um clerical. Esta palavra só pode doer aos ouvidos infeccionados pelo liberalismo, só pode chocar a espíritos desfibrados, que não querem tirar todas as consequências de suas convicções. Se, de fato, cremos e professamos que o Santo Sacramento da Ordem estabelece uma diferença nítida no corpo da Igreja, de tal forma que os que o recebem passam para a categoria da Igreja docente, que tem a missão de encaminhar os simples fiéis, que formam a Igreja discente, para a salvação eterna, como se fosse o próprio Jesus Cristo; se cremos isto - e quem não crer não é católico - veremos no Clero a medula mesma da Igreja, e seremos ardorosamente, intransigentemente, gratamente clericais, doa a quem doer, escandalize a quem escandalizar; e odiaremos com toda a nossa capacidade de odiar todo e qualquer anticlericalismo, sob toda espécie de coloração com que se apresente.

Neste sentido disse São Crisóstomo: “Aprendamos de nosso divino modelo a sofrer pacientemente as injúrias feitas a nós mesmos; mas não soframos as injúrias feitas a Deus, ainda que só por palavras.” E ainda: “É uma grande impiedade suportar pacientemente as injúrias feitas a Deus.” Ora, a injúria feita ao Clero é feita diretamente contra Deus, porque entre o Clero e Nosso Senhor Jesus Cristo existe uma identidade profunda, estabelecida pelo nexo sobrenatural do Santo Sacramento da Ordem: “Sacerdos alter Christus”.

Assim, pois, quem se diz católico e se põe a atacar padres, mente, porque não é católico. Nesta classe se inclui o redator do “O Globo” do Rio de Janeiro, que vem empregando, ultimamente, no triste mister de injuriar o ilustre jesuíta Pe. Arlindo Vieira, porque este zeloso sacerdote aplica o seu talento de publicista na tarefa meritória de combater os desmandos da imoralidade contemporânea. Mais, aquele infeliz jornalista tem a estúpida pretensão de indispor a Companhia de Jesus com o Clero e os fiéis brasileiros, e, até mesmo, com S. Em. o Sr. Cardeal, a quem atribui ousadamente atitudes menos dignas. Este jornalista poderá bradar aos quatro ventos que é católico. Isto não passará da mais elevada hipocrisia. Poderá ser, quando muito, um teósofo barato, destes que passam a vida a chafurdar nos vícios, e pretendem alcançar a visão beatífica por meio de práticas inconfessáveis e indignas de um homem. Não nos queremos deter mais sobre as coisas pegajosas que este infeliz babujou sobre as colunas do “Globo”. Sobre este asqueroso incidente caia a repulsão enojada dos homens de bem.


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