Plinio Corrêa de Oliveira

 

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“Ele tem a joeira na mão”...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 5 de janeiro de 1941, N. 434, pag. 2

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“MARILIA, 26 - A festa de Natal foi comemorada em Marília nas paróquias de São Bento e Santo Antonio, sob a direção dos Pes. Bícudo Netto e Luiz Medeiros Netto. Houve distribuição de gêneros alimentícios às famílias pobres, num total de 3.000 pessoas, organizada pela Loja Maçônica, Círculo Esotérico da Comunhão do Pensamento, Centro Luz, Fé e Caridade, Centro Espírita Luz e Verdade e Centro Espírita Amantes da Pobreza, comparecendo o prefeito, sr. Nelson de Carvalho.”

A notícia acima foi publicada por um de nossos importantes matutinos, na semana passada, exatamente como a transcrevemos. Aparece logo evidente a intenção de quem a redigiu, de modo a comprometer os Revmos. Párocos de Marília na distribuição de gêneros alimentícios organizada por espíritas e maçons. Nem ao menos há um parágrafo, a separar as celebrações católicas. Assim as pessoas desprevenidas terão a impressão de que, em Marília, houve uma grande confraternização do Clero, maçonaria e espiritismo, a fim de fazer bem aos pobres, o que é de molde a lisonjear um certo sentimentalista piegas. Como se pudessem confraternizar Deus e o diabo, para fazer caridade!

Aquilatar-se-á melhor a malícia confusionista do redator daquela notícia, tendo-se em vista que hoje em dia, a propaganda espírita se faz sorrateiramente, procurando incutir, antes de mais nada, esta ideia: que não há oposição entre o Catolicismo e o Espiritismo, que uma pessoa pode ser ao mesmo tempo ótimo católico e fervoroso espírita. E, para embair a ingenuidade popular, neste sentido, não se hesita em propalar as mais ridículas balelas, segundo as quais virtuosos sacerdotes praticariam o espiritismo. É no quadro geral desta propaganda, que se vem incluir a capciosa notícia acima transcrita.

Aliás, se considerarmos o assunto em um golpe de vista mais extenso, verificaremos que, em nossos tempos, os inimigos da Igreja não a atacam de frente. Em via de regra, não se ouvem expressões nitidamente de condenação formal ao Catolicismo. Pelo contrário, os erros e as atitudes hostis se apresentam habilmente disfarçados, rondando pelas fronteiras da verdade, proteiformes e cautelosos, prontos a esconder o seu veneno. A técnica que hoje se emprega no combate à Igreja é a da confusão, que permite a instilação imperceptível do mau espírito de sofisma à verdadeira doutrina.

Vem, aqui, muito a propósito uma passagem de São Lucas. Diz o Evangelista (III, 17-18) que São João Batista pregava muitas coisas ao povo, a respeito do Messias, para que Ele fosse reconhecido, quando se manifestasse. Porém, de todas estas coisas, só uma São Lucas anotou em seu Evangelho, como sinal distintivo de Nosso Senhor Jesus Cristo: “Ele tem a pá (joeira) na mão, e, depois de purificar a sua eira, ele ajuntará o trigo no celeiro e queimará a palha num fogo inextinguível.

É contra essa obra de seleção, de separação de campos, o campo de Deus e o campo de Satanás, que se volta modernamente a campanha contra o Catolicismo.


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