Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Reina a paz em Varsóvia

 

 

 

 

 

 

Legionário, 24 de novembro de 1940, N. 428, pag. 2

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“Julga-se que vim trazer a paz à terra? Não, vos digo eu, mas a separação. Porque, de hoje em diante, haverá numa casa cinco pessoas, divididas três contra duas, e duas contra três. Estarão divididos: o pai contra o filho, e o filho contra o seu pai; a mãe contra a filha, e a filha contra a mãe; a sogra contra sua nora, e a nora contra a sua sogra” (São Lucas, cap XII, vers. 51 a 53).

Estas são palavras de Nosso Senhor Jesus Cristo, e como são palavras de Deus, produzem o que significam. Mas então o Salvador, o “Príncipe da Paz”, não veio trazer paz ao mundo? Veio, mas uma paz diferente, que os mundanos não podem compreender. “A paz vos deixo, a minha paz vos dou; mas não vo-la dou como a dá o mundo” (São João cap. XIV, ver. 27).

, portanto, duas espécies de paz: a paz que vem de Deus, e a paz que vem do mundo, a paz verdadeira e a paz de mentira. A paz que vem de Deus reside no fundo das consciências, e reúne numa mesma concórdia todos os justos. É uma paz que neste mundo só se conquista e se mantem à custa de uma guerra sem tréguas. É esta paz que dá alegria aos Santos, no meio de suas tribulações.

A paz que vem do mundo, porém, não devia chamar-se paz, mas estagnação. Estagnação em que as consciências são violentadas, o bem é postergado e a verdade adulterada. É desta paz que se costuma dizer: “Reina a paz em Varsóvia”. É uma paz em que o bem é misturado ao mal, a virtude ao vício, o direito à injustiça. É a paz das transigências, das acomodações, das covardias, paz do pecador endurecido no pecado, paz dos charcos e dos sepulcros.

Por isso diz a Igreja em sua oração oficial pela paz: “Oh! Deus, de quem procedem os santos desejos, os retos conselhos e as obras justas, concedei a vossos servos aquela paz que o mundo não pode dar, a fim de que os nossos corações sigam os vossos mandamentos, e livres do temor dos inimigos, gozemos dias tranquilos sob a vossa proteção”.

Hoje, todos os católicos de São Paulo, obedecendo as determinações do Santo Padre e da Cúria Arquidiocesana, erguerão a Deus preces pela paz. A Ação Católica fará realizar Solene Hora Santa, conforme está anunciado em outra parte desta folha. É necessário que todos, sem exceção, unam as suas orações, a fim de que tenhamos, não a paz de Varsóvia, mas a paz de Nosso Senhor Jesus Cristo. E, como a verdadeira paz é a tranquilidade da ordem, e a ordem natural das coisas exige que a Igreja seja considerada a primeira instituição entre todas, primeira em dignidade e autoridade, rezemos pela exaltação da Santa Madre Igreja, porque só assim poderá haver paz para os homens.


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