Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
Protestantismo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 10 de novembro de 1940, N. 426, pag. 2

  Bookmark and Share

 

Um dos maiores males do liberalismo consiste em arrefecer ou apagar o horror à heresia. Sem este santo horror o caminho está aberto às acomodações, às transigências, e, por fim à apostasia. Conhecedores que são da índole hospitaleira e desprevenida de nosso povo, procuram, exatamente, os protestantes tirar do bem o mal, fazendo o possível para que esta desprevenção natural de nossa gente se converta (ou perverta) em complacência com o erro, e assim se lhes franqueie o caminho pelo qual irão arrancar à verdadeira Igreja muitos de seus amados filhos. Por isso, a técnica que estes hereges utilizam entre nós é a infiltração insidiosa, sob os mais variados aspectos, e que debaixo de aparências mais ou menos inócuas, atraentes, instilam o veneno sutil da apostasia. É, portanto, necessário que os católicos estejam alertas, cônscios do perigo, que os ameaça, para reagirem à altura. E, de um modo especial, não devem alimentar ilusões nem falsos otimismos sobre a gravidade e extensão do perigo.

Em resumo, são estas as principais teses debatidas e aprovadas na recente Semana de Estudos sobre “O protestantismo no Brasil”, realizada no Seminário Central do Ipiranga, de que já demos notícia, e cujos trabalhos acabam de ser publicados em bem cuidado folheto.

Nada escapou aos srs. diáconos, que trataram de tão momentosa questão, e o seu trabalho resultou eficiente, e de aspecto eminentemente prático. Assim, a caricata igreja do sr. Salomão Ferraz [“igreja católica brasileira”, n.d.c.] é analisada em seus princípios pancristãos, e por aí recebe a reprovação da Encíclica “Mortalium Animos” que, entre outras, condenou a seguinte proposição, chave de todo liberalismo religioso: “é dever dos discípulos de Cristo absterem-se de mútuas guerras; gravíssima obrigação lhes pesa aos ombros de se unirem pelos estreitos elos da caridade”. Ao que o Santo Padre Pio XI responde vitoriosamente, citando São João: “Não recebais em vossa casa, nem mesmo saudeis aqueles que vos vêm ensinar uma doutrina diferente da que recebestes”.

Ainda no que se refere a esta mesma “igreja”, é acentuando o perigo proveniente da confusão, gerada pela identidade de nome, de liturgia etc., que poderá ilaquear a boa-fé de pessoas menos esclarecidas. Além disso, a avalanche de publicações que, à primeira vista, quem for menos experiente não poderá discernir se são protestantes ou católicas, já por causa de hábeis disfarces, já por recurso a fraudes, recebe a devida apreciação, que é um verdadeiro brado de alerta.

Se quiséssemos prosseguir, teríamos de transcrever toda a “Semana”. Mas, pelo que ficou dito, bem se pode aquilatar da riqueza de assuntos, que nela foram debatidos. Só mesmo a grande capacidade de trabalho e a profunda especialização no assunto do Pe. Agnelo Rossi, que a presidiu, poderiam ter imprimido uma tal proficiência aos estudos. Tenhamos, pois, confiança na Providência, e colaboremos na medida de nossas forças no combate ao protestantismo, e tudo irá bem.


Bookmark and Share