Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 1 de setembro de 1940, N. 416, pag. 2 |
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Não faz muito tempo, tivemos ocasião de comentar certas declarações de Rosenberg, em que o doutrinador do nazismo declarava que a atual guerra, com a vitória da Alemanha, iria ser a morte do “gentleman”. Dizíamos então que a Inglaterra poderia ser combatida e odiada por muitos motivos, menos por aquilo que caracteriza o “gentleman”, e que é a permanência de um fruto do Catolicismo através de tantos séculos de dominação protestante. Assim, o nazismo denunciou um aspecto profundo de sua ideologia, que é a sua filiação à monstruosa corrente revolucionária, que agita o mundo desde a Renascença. Embora muitas vezes o sr. Hitler pudesse parecer o chefe de um movimento de restauração social, tudo não é mais do que aparência e burla, pois que este movimento é radicalmente igualitário, e tem por fonte de seu dinamismo um ódio visceral a tudo o que é elevado, nobre e superior. É por isso que Rosenberg não achou outra coisa a odiar na Inglaterra a não ser o “gentleman”, isto é, uma pessoa delicada e de boas maneiras, que representa indubitavelmente uma vitória da racionalidade sobre a animalidade humana. Isto dizíamos a respeito dos propósitos da Alemanha, na presente guerra. Agora, porém, as agências telegráficas nos dão notícia do que se pretende fazer na Inglaterra, no caso de ser esta a vitoriosa. Pretende-se criar uma nova Inglaterra, sem aristocracia, que será substituída por um novo tipo de homem inglês, mais moderno. Como se pode ver facilmente, é, sob outras palavras, o mesmo intuito de Rosenberg, quando diz querer acabar com o “gentleman”. Percebe-se, assim, por baixo do tumultuar contraditório das hostilidades alguma coisa coerente, que avança segundo uma trajetória bem estabelecida, e que aspira dominar, seja qual for o partido que vencer a luta. Esta alguma coisa é semelhante a um rolo compressor, que vai comprimindo as sociedades e as vai transformando em massa homogênea, em que o homem não é mais do que um valor numérico, e em que uma só coisa resta de pé: o Estado Totalitário, o ídolo arrogante, sanguinário e abominável de nossos tempos. Tudo quanto representar algum valor qualitativo deverá desaparecer. “Lilia pedibus destrue”, destruí os lírios com os pés! Esta é a senha revolucionária, senha satânica, como também satânica é a Revolução. E assim vemos o progredir desta obra diabólica, que consiste em fazer submergir a eminente dignidade da pessoa humana, imagem de Deus, na imunda “camaradagem” bolchevista. Mas Deus rir-se-á deles ["Qui habitat in coelis irridebit eos", Ps. 2,4], dos fautores desta obra de perdição. |