Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Propaganda nazista

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 25 de agosto de 1940, N. 415, pag. 2

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Temos sobre a mesa dois folhetos impressos no Rio de Janeiro por editora anônima, e em que se procura justificar o nazismo acerca dos atuais acontecimentos do mundo. O primeiro traz um resumo sucinto do tratado de Versalhes, e o outro, uma entrevista do sr. Hitler a um certo jornalista norte-americano que, por sinal, tem um nome cento por cento germânico. Talvez seja por isso que o “führer” de vez em quando se esquece de que está falando a um súbdito dos Estados Unidos, e se refere com alguma liberdade a respeito do auxílio deste país aos aliados, além de fazer referências pouco diplomáticas sobre a doutrina de Monroe. Enfim, como esta entrevista se destina, inequivocamente, a ser lida na América do Sul, tais inadvertências não têm a menor importância, mesmo porque a finalidade visada é a de convencer os povos deste feliz continente de que o nazismo nada pretende por aqui.

Seja como for, estas publicações demonstram o interesse do sr. Hitler a respeito da opinião pública brasileira. Os Estados Unidos também se têm preocupado, ultimamente, com o nosso país, conforme se pode ver da imprensa norte-americana, pois na opinião de seus estrategistas o Brasil seria uma ótima base de operações bélicas contra a grande república. E é exatamente nesta circunstância que o “führer” faz tão grande questão de que a América do Sul saiba formalmente que o nazismo não se interessa, em absoluto, pelos assuntos americanos, formulando os mais solenes protestos de paz.

Devemos ter muita cautela. Nada há tão perigoso como os protestos de paz do muito pacífico sr. Hitler. A Áustria, a Polônia, a França e a Inglaterra já foram alvos, também, de calorosos protestos de paz. Todo o rearmamento alemão só tinha um objetivo: aniquilar a Rússia bolchevista. Sim, a Rússia, sempre a Rússia, aquela megera da Rússia!

E, no entanto, todo o mundo viu o que aconteceu. Os fatos se desenrolaram segundo uma ordem inteiramente contrária aos sentimentos oficialmente patenteados pelos dirigentes do Reich. É verdade que o sr. Hitler continua a dizer que não desejava outra coisa que não fosse a paz, e que só as circunstâncias forçaram-no à guerra. Não há dúvida: mas devemos temer que, dentro em pouco, se comece a dizer que a pesca de siris nos canais de Santos está turvando as águas do Reno, o que é uma provocação intolerável aos anelos pacifistas do nazismo etc., etc., etc......


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