Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Um certo Mr. Mott...

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 30 de junho de 1940, N. 407, pag. 2

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Vem-nos à memória tempos já regularmente afastados, em que se tinha de desenvolver uma dialética mais ou menos aparatosa para provar que a Associação Cristã de Moços era protestante. Essa instituição se dissimulava de tal forma, que uma senhora devota chegou a favorecê-la com um avultado donativo, pensando tratar-se de obra católica. E a confusão permanecia, apesar de todos os avisos, porque a tal associação continuava a usar de uma linguagem manhosa que ia iludindo os incautos.

Agora, a imprensa alardeia a chegada a São Paulo de um tal Mr. Mott, presidente de uma federação, união, aliança ou coisa parecida das Associações Cristãs de Moços do mundo inteiro. Pois bem, este homem é recebido em Santos por vários representantes das seitas evangélicas do Estado, que lhe ofereceram um almoço. Ainda em Santos, Mr. Mott pronunciou uma conferência na “primeira igreja evangélica” daquela cidade, onde foi fotografado. Ainda que não se tivesse mencionado o local, o cliché estampado nos jornais não admitiria dúvidas. Aí se vê o conferencista com o braço em riste, todo compenetrado na sua arenga, com aquele aspecto inconfundível de salvador da humanidade que o malogrado Moura Lacerda, o do “rumo à natureza”, também possuía. O semblante do orador tem algo de ingênuo e de espertalhão, ao mesmo tempo, o que é, sem dúvida, um contraste curioso. Ao seu lado, também de pé, está um homem de pince-nez, que tem aqueles sinais característicos dos pastores protestantes: um certo jeito de comerciante, um vago sorriso “simples” a flutuar nos lábios e uma certa desenvoltura esportiva de pessoa sem preconceitos e vistas largas. Acima de ambos, um quadro de madeira com o número do hino a ser cantado pela assistência. E, no primeiro plano, a esperar os murros do conferencista, uma mesinha muito “simples”, muito ordinária, coberta com uma toalhinha franjeada de assaz mau gosto.

As Associações Cristãs de Moços são responsáveis pela difusão de idéias naturalistas e paganistas sobre a saúde e a cultura física. Além disso, propagam um certo internacionalismo suspeito e um pacifismo, ainda mais suspeito. Agora vem-nos Mr. Mott, e afirma-nos gravemente: “Há coisas piores do que a guerra!” Deve ser uma frase notável, posto que pronunciada por um homem que, dizem por aí, é notável. Tão notável, que algum admirador seu já o cognominou “o homem mais útil do mundo”.

Nós é que não o sabíamos.


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