Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
Propaganda comunista

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de junho de 1940, N. 404, pag. 2

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Em toda a nossa vida conhecemos três Ubirajaras.

O primeiro, o do José de Alencar, morreu com o indianismo, mas não sem deixar atrás de si este nome comprido, a arrastar-se como uma jiboia, e que se pegou aos que nasceram pelo tempo em que o herói bugre dominava em alguma cabeça romântica. Foi provavelmente assim que vieram ao mundo os outros. O segundo, foi nosso colega de turma, na velha Academia [da Faculdade de Direito] do Largo de São Francisco; era teosofista, fazia as suas conferências no Centro Esotérico da Comunhão do Pensamento, e, nas horas vagas, se “mêlait” [metia, n.d.c.] de fazer literatura. Enfim, o terceiro... O terceiro, surgiu-nos agora, através de um artigo publicado em um dos jornais do que se convencionou chamar “Imprensa Acadêmica”.

Este terceiro Ubirajara, se não é calouro, pouco lhe falta. Atira-nos logo de chofre um trabuco pesado, em estilo de vatapá à baiana, que tem o nome expressivo de “A mãe solteira”. A tese é simples e rebarbativa: o casamento é uma comédia e a maternidade só é verdadeiramente digna fora do matrimônio. Mas, apesar disso, não deixa de ser saborosa a ingenuidade adolescente do autor a espichar por linhas a fio a sua traquitana complicada, com a imperturbável segurança de quem vai fazer um figurão. O nosso menino prodígio ainda está naquela quadra florida, “que os anos não trazem mais”, em que se pensa que escrever bem, é escrever difícil.

Damos um prêmio a quem conseguir ler depressa, sem se atrapalhar, esta coisa: “Coimas abjetas, viltas iníquas, epítetos repelentes e doestos repulsivos embebem de amargura os seus dias escuros”. E ainda: “As almas burguesas, omnimodamente tetanizadas pelo boçalismo de suas cobiças desabridas e pela bestialização de suas paixões possessivas”....

É muito verdade que Ruy Barbosa recomendava insistentemente aos estudantes a leitura assídua do dicionário. Mas assim também é demais...

Pois é. A gente, quando nos verdores da juventude, tem destas coisas, apenas não se deve ir logo cedendo às cócegas de publicar o que sai da pena. Será melhor, primeiro, limitar-se ao círculo de família, lendo as produções perante alguns tios embasbacados. Os seus próprios amigos de redação deveriam aconselhá-lo e de forma alguma deixar sair em letra de forma os seus despautérios. Afinal de contas, o jornal que publicou a história, parece apoiar a atual situação política, em que foram condenadas oficialmente todas as doutrinas esquerdistas. Ora, evidentemente, o Ubirajara desenvolveu uma ideia toda ela comunista, numa linguagem que lembra o tempo ominoso da A.N.L., e que pode ter efeitos ruinosos e subversivos no ambiente universitário. Cuidado com o Tribunal de Segurança...


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