Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Feminismo grosseiro

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 19 de maio de 1940, N. 401, pag. 2

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É com pesar que assinalamos aos nossos leitores a realização, à noite de sexta-feira passada, de uma partida de futebol entre mulheres. Em primeiro lugar, a partida do esporte entre pessoas do sexo feminino nunca se deveria revestir do caráter de exibição pública, porque todo esporte obriga a um certo número de atitudes desenvoltas, que não se coadunam com o recato que lhes deve ser próprio. Depois, esta preocupação absorvente do esporte se é prejudicial aos homens, é absolutamente ruinosa para as mulheres, porque vai de encontro àquela delicadeza inerente ao sexo, e que o faz naturalmente apto às funções elevadas e espirituais de esposa e de mãe.

Já sabemos que haverá quem não concorde com o que acabamos de dizer. Vivemos num tempo em que se negam as verdades mais evidentes, e parece já estarmos ouvindo alguém perguntar porque será que o futebol vai falsificar a realidade feminina daquele jeito. Ora, se alguém não compreendeu tal coisa, ser-lhe-á, inútil qualquer esclarecimento, porquanto será mais fácil explicar-se a um cego de nascença o que é a cor vermelha.

Quanto a nós, temos a impressão de estar antevendo as tais jogadoras após haverem dobrado o cabo dos quarenta anos: assemelha-se-nos que lhes crescerá um buço espesso, que se transformará logo em farto bigode; a voz se lhes tornará grossa e cavernosa, andarão em passadas largas e pesadas, e os braços e as mãos ser-lhes-ão mais avantajados do que os de um estivador. Afinal, estas viragos serão o terror das crianças da vizinhança, e o papão com que os pais atemorizarão os filhos desobedientes.

Este é o digno fruto de uma época em que a maior parte da juventude perdeu toda a originalidade e parece que tem dentro da cabeça uma bola de futebol, de maneira que, quando não fala de obscenidades ou de grosserias, só entende de pontapés. Hobbes poderia dizer, no seu tempo, que o homem é um lobo para outro homem, homo homini lupus; isto será verdade hoje na Europa. Mas entre nós, atualmente, o homem é, por via de regra, uma grande caceteação para o outro homem. Quando saem das banalidades a respeito do calor e do frio, o único refúgio que encontram para o espírito desoladamente vazio é a contemplação de uns tantos heróis suarentos, que vivem dos pés para os pés. E agora ainda querem arrastar nesta sarjeta a delicadeza da alma feminina!

Seria melhor que realizassem, por exemplo, uma tourada, no Estádio do Pacaembu. O que atrapalha é que talvez a “torcida” desmaiasse à vista do sangue dos pobres touros...


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