Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Preconceito estúpido

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 12 de maio de 1940, N. 400, pag. 2

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Continua, infelizmente, a apresentação de filmes franceses, que, ultimamente, se têm caracterizado pelos temas escabrosos, tratados de modo corruptor. Esta enxurrada imunda, que está longe de representar o verdadeiro espírito francês, mas a sua deturpação pelos inimigos sistemáticos e insidiosos da filha primogênita da Igreja, bem merecia ser estancada, não só pela nossa censura como também pelas próprias autoridades francesas, porque apresenta o seu país ao estrangeiro sob um prisma inteiramente desfavorável.

Lamentavelmente, porém, certo crítico cinematográfico se tem salientado por elogiar todos estes filmes na medida de sua imoralidade. Assim, ainda anteontem a “Folha da Manhã”, em sua secção especializada, publicou mais um destes elogios, e desta vez ardoroso, a respeito de uma produção cinematográfica que foi exibida em um de nossos principais cinemas durante a semana finda. Nessa crônica se exalta o procedimento das infelizes que perderam o senso da própria dignidade em termos que não podem ser transcritos por um jornal limpo. E se acrescenta com impudente audácia: “Se ela (a heroína sem vergonha) não encara a vida como o tipo comum das mulheres, oferece em troca uma grande sinceridade”. Esta injúria baixa e miserável à honestidade das admiráveis mulheres, que souberam compreender a sua elevada missão, e fazem dos lares santuários de pureza, só poderia sair de um espírito que se habituou a repastar-se nas podridões do vício, não merece resposta.

Mas existe, aí, um fato interessante, que já temos tido ocasião de verificar. Como foi que esta idiotice sem nome de considerar o vício sempre sincero e a virtude inevitavelmente hipócrita conseguiu dominar tantas cabeças? É horrível que um sofisma tão barato, tão convencional, possa ser aceito.

 Assim como não é de bom gosto falar de esgotos na hora do jantar, também não é de bom gosto remexer publicamente os detritos da decadência humana. Assim como há uma profilaxia para impedir o contágio das moléstias infectuosas, também deve haver uma profilaxia moral, para impedir a contaminação dos vícios.

Mas o que há no fundo daquele sofisma, é o seguinte: o vício é a realidade, a virtude uma quimera. Portanto, já não haverá contaminação a evitar e bom gosto a resguardar. A virtude será sempre uma aparência hipócrita, e a lealdade ordenaria a ostentação de toda a corrupção.

Mas foi esse desregramento de espírito que conduziu à horrível catástrofe, que hoje abala o mundo moderno pelos alicerces.


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