Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...
 
A propaganda antireligiosa do Nazismo

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 28 de abril de 1940, N. 398, pag. 2

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Pessoas desta Capital têm recebido um folheto de propaganda nazista, em que se procura justificar a invasão da Polônia pelos inúmeros crimes e perseguições que a minoria alemã, residente naquele infortunado país, teria sofrido por parte do povo e das autoridades. Este folheto, embora não tenha indicação alguma de sua proveniência, apresenta todos os característicos de que, se não é originário de fonte oficial, o é pelo menos de fonte oficiosa.

Não nos interessa fazer a crítica da veracidade dos fatos narrados pelo documento em questão. O LEGIONÁRIO, em tudo que não diz respeito, direta ou indiretamente, à Santa Igreja Católica, conserva a mais estrita neutralidade. Desta forma, nada temos a ver com os casos puramente nacionais que tivesse havido entre alemães e poloneses. Por isso mesmo, nenhuma importância daríamos ao tal folheto, não fosse uma apreciação evidentemente inverídica sobre o Clero heroico da Polônia, que lá existe.

É assim que as atrocidades sem nome, que se alastram por cinco páginas e meia, datilografadas, e de que teriam sido vítimas as minorias alemãs durante os vinte anos de existência da Polônia, são atribuídas ao “Clero fanatizado”. Ora, a expressão sobre ser dura, é deselegante. O emissário, que enviou os folhetos escritos em português a pessoas aqui residentes, deveria ter em vista que o Brasil é um país católico, onde o Clero goza do maior respeito e veneração. É verdade que o nazismo é inimigo do Clero. Mas isso não justifica, nem explica a indelicadeza. A intromissão nazista, que pretende fazer a sua propaganda antirreligiosa até mesmo dentro do nosso país, onde todos porfiam em demonstrar os seus sentimentos religiosos, é sem dúvida destes fatos que exorbitam das boas relações internacionais.

É fato que o desastrado autor do folheto procurou amenizar um tanto a sua imprudência, contando que os alemães tiveram as suas igrejas fechadas e os sacerdotes ultrajados pela perseguição polonesa. Entretanto, não se pode dar crédito a semelhante alegação. Do Vaticano, que nunca deixou de protestar contra as violações dos direitos da Igreja, não se conhece uma só palavra de condenação àqueles acontecimentos. Logo, é porque não sucederam, na realidade. A não ser que se queira acusar o Santo Padre de parcial. O que será, certamente, pior do que falar em clero fanatizado...


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