Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Propaganda espírita

 

 

 

 

 

Legionário, 14 de abril de 1940, N. 396, pag. 2

 

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Nota-se atualmente, uma grande recrudescência da propaganda espírita. Principalmente os bairros pobres são vítimas da população de centros espíritas, de todos os naipes, de todas as categorias e de todas as denominações. Mas também os bairros ricos não são alheios à infestação da praga. Naturalmente, neste último caso, os centros são mais discretos, não fazem propaganda aberta, não têm os nomes estapafúrdios, que impressionam o vulgo, e são mais “raffinés” para não afugentar os grã-finos que os frequentam.

Por outro lado, há um grande número de revistinhas flutuando por aí que procuram, por todos os meios, infiltrar na população os erros mediúnicos. Por fim, será inaugurada em breve uma estação de rádio que deverá difundir, ainda mais, o espiritismo.

Estamos, portanto, diante de um grande movimento organizado que tende a alastrar as diabólicas doutrinas de Kardec. Ora, um movimento de tal envergadura deve ser, forçosamente, muito dispendioso. É verdade que a atividade dos centros espíritas costuma ser muito rendosa, não sendo poucos os incautos, que lá malbaratam os seus bens. Não é raro encontrar-se, na secção policial dos jornais, a relação das extorsões e explorações de que são vítimas, em geral, pobres pessoas do povo, que se deixaram arrastar pela sugestão dos médiuns. Entretanto, ao que parece, tudo isto seria suficiente para cobrir os pesados ônus de uma campanha tão generalizada.

Será interessante assinalar que semelhante efervescência espírita ocorre exatamente nas vésperas do grande recenseamento nacional do corrente ano. Como se sabe, num recenseamento indaga-se não só o número dos habitantes de um país, mas também o sexo, idade, estado civil, profissão e religião dos mesmos. Ora, uma das teclas mais batidas na campanha espírita de que estamos tratando, é a seguinte: cada espírita é concitado a declarar, no recenseamento, que a sua religião é a espírita. Assim, um dos objetivos será apresentar os espíritas à Nação como uma seita desenvolvida desse movimento de propaganda e pujante. Mas o outro objetivo mais ardorosamente desejado, será mostrar oficialmente como quebrada a unanimidade católica brasileira.

Portanto, o que há de pior na presente campanha espírita não é o próprio espiritismo, já de si nefasto, mas o que se quer fazer vir depois. Desta forma, o espiritismo seria apenas um meio, meio adequado ao que se intenciona por aí, mas que ainda deveria ser superado.

Os católicos devem estar alertas, afervorar-se na fé e na obediência às autoridades eclesiásticas, para que, com a graça de Deus, tudo não passe de uma ameaça vã.


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