Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Um livro oportuno

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 24 de março de 1940, N. 393, pag. 2

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Recebemos, em oferta gentil de seu autor, Monsenhor Luiz Gonzaga de Moura, já bastante conhecido pelas suas publicações, o livro em dois volumes “Ação Católica - Surtos Apologéticos”. Não se trata de uma exposição sistemática dos princípios orgânicos da Ação Católica, mas de uma série de artigos, curtos na sua maioria, e dispostos sem um plano aparente. Entretanto, estes artigos, pela sua linguagem entusiasta e vibrante, e pela concisão, assemelham-se a dardos despedidos com mão certeira, destinados a ferir a inteligência do leitor, chamando-lhe irrecusavelmente a atenção para certas verdades. Estes vários golpes se vão sucedendo sem que se descubra, à primeira vista, uma ordem predeterminada. Após algum tempo de leitura, porém, percebe-se que o autor vai criando, habilmente, uma atmosfera ideológica, de forma a modelar a mentalidade e estabelecer convicções profundas em quem lê.

O que logo impressiona no livro de Mons. Moura é a largueza de vistas com que se encara a Ação Católica, sem particularismos e restrições. Em um capítulo, em que encampa a opinião de outro propagandista, assim define o âmbito do programa da Ação Católica: “Altar: Sacrifício da Missa, Comunhão; Igreja: casa de oração, da vida interior, da recepção dos sacramentos; Imprensa: obrigação de todos os católicos de auxiliarem-na; Obras sociais: sindicatos, cooperativas, círculos operários; Urnas: necessidade de boa política, apoio à Liga Eleitoral Católica, etc.”.

Em outro lugar, depois de algumas frases incisivas, o Autor encastoa este trecho bem escolhido de uma carta de Pio XI ao Cardeal Bertram, de que apresentamos algumas passagens: “A Ação Católica não determina uma forma especial e exclusiva da ação; antes, valoriza e dirige ao apostolado toda obra ou associação... Pela sábia distribuição dos trabalhos e das forças, pela unidade de direção que traz consigo e que se estende a todas as secções e organizações diversas... aproveitará dos frutos produzidos por Associações religiosas e econômicas a elas levando auxílio e incremento, mantendo mútua benevolência e cordialidade, e promovendo a cooperação de todos com grandes vantagens da Igreja e da Sociedade”.

Outra questão que Mons. Moura demonstra haver compreendido claramente é a que se refere à seleção dos membros da Ação Católica, que devem almejar com todas as forças a perfeição cristã. A argumentação do Autor é cristalina. A Ação Católica, diz ele, é um sacerdócio leigo. Ora, para os Sacerdotes a Igreja, pela palavra de Pio XI na encíclica “Ad Catholici Sacerdotii”, exige “elevação de mente, pureza de coração, santidade de vida” devendo “por mandato de Jesus Cristo aproximar-se quanto possível da perfeição daquele que o manda, e fazer-se santo”. Logo, conclui, para os membros da Ação Católica se devem exigir, mutatls mutandis, as mesmas condições.

Por estas passagens colhidas ao acaso no livro de Mons. Moura, bem se pode aquilatar do seu valor e utilidade, pela retidão de doutrina, clareza de exposição, e vivacidade entusiasta, que demonstram o zelo apostólico de seu autor.


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