Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Pan-americanismo

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 11 de fevereiro de 1940, N. 387, pag. 2

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Não se pode negar, a despeito do idealismo de muitos, que o pan-americanismo, até hoje, tem sido pouco menos do que uma utopia, pois que todas as suas tentativas de realização prática se têm limitado a fórmulas vagas e escassos resultados efetivos. Nem é só. Não será necessária uma grande perspicácia para perceber que, por baixo das negociações corteses, há uma certa desconfiança latente, mais ou menos justificada, e que tira a eficácia dos acordos, quando não faz que os mesmos se transformem, concretamente, em simples troca de cumprimentos.

Ora, a causa está em que não se assentou a questão pan-americana em bases sólidas. O simples fato de estarem situadas no continente americano não é suficiente para que as nações formem um bloco homogêneo e disciplinado em face dos outros povos.

O problema do Novo Mundo ainda não foi colocado em seus devidos termos. Alguns querem que seja um simples prolongamento do Velho Mundo: é a ideia colonial, que peca por estreiteza, e que, nos parece, não conta com muitos adeptos. O erro mais perigoso e mais difundido é o excesso oposto, que almeja um Novo Mundo radicalmente novo, representante da humanidade futura, em oposição quase simétrica ao Velho Mundo, que estaria fadado a desaparecer. A larga faixa do Atlântico seria uma espécie de cordão de isolamento, destinado a manter a pureza da nova civilização.

É fácil de ver, entretanto, que semelhante ideia nunca poderia conduzir a um verdadeiro pan-americanismo, porque nunca se poderão apagar os caracteres próprios que as nações americanas herdaram de suas mães pátrias respectivas, e que são o melhor de seu patrimônio nacional.

Ora, foi quando conversamos com D. Geraldo O'Hara, Bispo de Savannah, que acompanhava S. Em. o Cardeal Dougherty em sua viagem pela América do Sul, que vimos claramente a solução do problema. Em nenhum momento tivemos a impressão de falar com um estrangeiro, tal é a força real de unificação da Cristandade. Agora, se tivermos em conta que o Catolicismo foi a matriz que modelou as velhas nações de que proviemos, veremos que o sentido espiritual do Novo Mundo é este: a extensão do Reino de Cristo, o que equivale a dizer da civilização católica, por mais uma grande parte da Terra.

Particularmente no que concerne às relações entre o Brasil e os Estados Unidos, o grande entrave consiste em que todas as forças, ou pelo menos as principais forças anticatólicas que agem entre nós, têm relações estreitas com as congêneres norte-americanas. Assim o Rotary, a Associação Cristã de Moços e várias seitas protestantes. Ora, se a colaboração se fizer entre os católicos norte-americanos e o Brasil ninguém poderia prever os resultados magníficos a que se poderá chegar no campo das relações internacionais, para benefício da verdadeira civilização e do autêntico pan-americanismo.


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