Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 14 de janeiro de 1940, N. 383, pag. 2 |
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Realizou-se no último dia seis um festival em honra do Sr. Arcebispo Metropolitano, no salão de espetáculos dos Salesianos. Constou, além da bela saudação proferida pelo Revmo. Pe. Castro Nery, de números musicais executados por coro e orquestra. A orquestra era de amadores e o coro era do Santuário do Coração de Maria, composto de pessoas piedosas e de boa vontade. Ora, diante disso, qualquer pessoa menos avisada poderia temer uma destas tremendas pachouchadas bem intencionadas... Entretanto, não foi o que sucedeu. Independente de qualquer indulgência que seria natural, em vista do afeto em que o sarau era oferecido ao ilustre aniversariante, pode-se dizer que se assistiu a uma manifestação artística de valor intrínseco e inegável. Houve gosto na confecção do programa e arte na interpretação. Principalmente o coro constituiu uma revelação, podendo dizer-se que é dos melhores de São Paulo; na música profana é certamente o melhor. É verdade que ainda há o que aperfeiçoar. Nota-se, por exemplo, uma tal ou qual indecisão nas vozes femininas. Mas são pequenos defeitos que o devotamento dos cantores poderá sanar com o tempo, coisa que desejamos ardentemente. De qualquer forma, o coro do Coração de Maria é uma fundada esperança de que o canto coral venha a ser algo de sério entre nós, e desde já representa uma notável realização. Tenha-se, apenas, em vista a maleabilidade das massas corais, que permite uma interpretação nítida e expressiva. Fizemos questão de assinalar tudo isso porque as iniciativas católicas costumam ficar perpetuamente na penumbra, mercê da campanha do silêncio que contra elas se faz. Qualquer realização inferior às nossas encontra logo uma campanha hábil, para ganhar prestígio. Pelo contrário, para tudo quanto é católico defronta-se com um ambiente frio em que não há nenhuma ressonância. Isto vai tão longe que os próprios católicos ignoram as suas possibilidades e os seus recursos, e acontece irem procurar algures, quando possuem do melhor na prata da casa. Nem se fale da sedução que exercem, sobre alguns, certos medalhões e certas coisas “medalhonizadas” que, no fundo, não passam de quinquilharias enfeitadas com laços de fita... No caso em questão, podemos dizer sem bazófias: valorizemos o que é nosso, porque o que é nosso é muito bom. |