Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Pio XII e Mussolini

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 31 de dezembro de 1939, N. 381, pag. 2

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Uma análise séria e minuciosa das cinco condições de paz, propostas em recente alocução pelo Santo Padre Pio XII, confirma de modo tangível nossas recentes considerações sobre a visita efetuada pelos Reis da Itália ao Vaticano.

As condições de paz foram propostas pelo Sumo Pontífice em uma alocução da qual, infelizmente, ainda não chegou ao Brasil o texto oficial e completo, mas que, em alguns de seus trechos, se destaca por uma veemência que deixará pasmos os católicos de água doce, para os quais fazer apostolado consiste em sorrir indistintamente e de modo perfeitamente estúpido, para o bem e para o mal.

Não é preciso ter perspicácia para compreender qual o endereço exato das palavras com que o Santo Padre censurou as “atrocidades e os processos ilegais de destruição”, os massacres das mulheres, velhos e crianças, e as “agressões premeditadas contra as pequenas nações, pacíficas e laboriosas, a pretexto de ameaças que jamais existiram e que não seriam possíveis.” Mas o Santo Padre, querendo arrancar peneiras aos olhos que atrás delas se escondem da verdade, foi de uma clareza insofismável, atribuindo estes crimes às doutrinas imbuídas de “considerações totalitárias que falseiam o sentido jurídico dos princípios de liberdade e de humanidade”, do que decorre um crime para o qual o Papa aponta a sanção da “vingança divina”.

Note-se, a este respeito, que a palavra “totalitário” tem um sentido necessariamente genérico, que seu emprego em um documento pontifício não pode deixar de ser intencional. Totalitário é o comunismo russo; totalitário é e se proclama o Estado alemão; totalitário é o próprio fascismo segundo o sentido profundo de sua estrutura estatal, e a mentalidade e as palavras de eminentes doutrinadores fascistas.

O Papa poderia ter falado do comunismo. Mas sua acusação foi profunda. Ela não se dirige apenas à Rússia, mas a todos os Estados totalitários, e à própria mentalidade totalitária, onde quer que apareça, e cujos frutos necessários o Papa aponta nos escombros ainda fumegantes do litoral báltico e quiçá da Polônia.


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