Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Os estertores da S.D.N.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 10 de dezembro de 1939, N. 378, pag. 2

  Bookmark and Share

 

Decididamente, a Sociedade das Nações [S.D.N.] agoniza. A sua agonia é obscura e sem glória, e morrerá certamente como costumam morrer os burgueses vivedores, de uma morte tão sem significação como a sua vida. São como bolhas de sabão que se desfazem, depois de haverem emitido um reflexo luminoso, fugaz e ilusório.

Nós, católicos, não nos devemos esquecer jamais de que, quando da fundação daquela sociedade, S.S. o Papa reclamara para si um lugar na assembleia que iria reunir todos os povos civilizados. Recusaram-lhe, sob a alegação de que o soberano espiritual de centenas de milhões de católicos não governava uma nação soberana, como se todas as nações cultas da Cristandade não fossem filhas da Igreja. Neste mesmo instante, a S.D.N. lavrou sua sentença de morte, desta mesma morte estúpida e ridícula, que a ameaça neste momento.

Sem a Igreja, que era a única força capaz de lhe dar vida, utilidade e compostura, aquele instituto, passado o entusiasmo das primeiras horas, resvalou pouco a pouco para os meandros escusos da politicalha, até chegar ao supremo cinismo de admitir a Rússia comunista no conclave em que só deviam figurar os países cultos. Nesta ocasião, não faltaram os sujeitos graves, sisudos e idiotas, que costumam aplaudir circunspectamente todas as idéias “sensatas”, porque “afinal, a complexidade da situação exige uma grande prudência etc., etc., etc.” Tudo isso dito com um modo especial de modular a voz, o que não impede que seja um som tão vazio como o apito de uma fábrica. Aconteceu que o sr. Ivan Maisky, representante da Rússia, e atual presidente da assembleia, se recusa, por motivos esfarrapados, a comparecer à reunião em que será tratado o caso da Finlândia; maior desprezo seria impossível.

Por isso, agora que o bolchevismo se mostra como sempre foi, começam a aparecer os grandes escandalizados. Entretanto, se há escândalo hipócrita, farisaico, será este, certamente.

O bolchevismo sempre pregou que o Direito é um resultado da exploração de uma classe sobre outra, e a moral, um mero preconceito burguês e que, portanto, tais coisas devem desaparecer, numa sociedade bem organizada. Assim, será legítimo tudo aquilo que favorecer a propagação do regime comunista. O bolchevismo foi sincero, e continua coerente com a sua linha de conduta facinorosa. Os falsos ingênuos de nossos dias é que não têm o direito de se espantar.

De qualquer forma, a S.D.N. se manifesta incapaz de afrontar a onda de barbárie nova, que ameaça o mundo, e já nos corredores do palácio de Genebra se afirma que se devem evitar medidas extremas contra a Rússia. Resultado mais pífio seria impossível prever, daquilo que a seu tempo foi uma tão grande festa. A verdade é que e a verdadeira concórdia entre os povos só poderá basear-se na caridade cristã, e nunca sobre o humanitarismo maçônico, como se pretendeu.


Bookmark and Share