Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 3 de dezembro de 1939, N. 377, pag. 2 |
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A imprensa diária acaba de publicar um resumo dos dados estatísticos relativos aos suicídios ocorridos em São Paulo nos oito primeiros meses do ano vigente. De Janeiro a Agosto ocorreram nesta cidade 407 tentativas de suicídio, praticadas por 165 indivíduos do sexo masculino e 242 do sexo feminino; 301 eram maiores de 18 anos e 106 menores; 340 eram brasileiros e 67 estrangeiros. Considerando-se a gravidade do pecado cometido com essa violação do direito de Deus, Senhor único de nossa vida, confrange-nos o coração o registro de um tão alarmante número de suicídios. Convém salientar, sobretudo, os 106 menores que violentamente tentaram contra a própria existência. Será inútil pesquisar as causas dessa questão em razões econômicas, sentimentais ou psicológicas. De um modo geral, o suicídio representa um gravíssimo desrespeito à lei de Deus, sendo, além disso, um ato de fraqueza moral, porque o suicida mostra não ser capaz de afrontar a dor e as contrariedades da vida, provocadas as mais das vezes pelos próprios desatinos de quem apenas procura trilhar a entrada fácil dos prazeres, sem se lembrar da verdadeira finalidade da criatura humana. Não se pode negar que no fundo dessa questão se acha a falta de formação religiosa da nossa mocidade, com o consequente abandono das normas de vida que nos foram ensinadas pelo nosso Salvador. A escola leiga, o mau livro, o mau cinema, o jornal escandaloso e outros elementos empregados pelos inimigos da Igreja na dissolução dos costumes, podem tomar em seu acervo (esse) triste gesto de todos esses infelizes. Conhece-se a tragédia que foi a vida do príncipe Rodolfo, herdeiro do imperador Francisco José da Áustria. Ainda há poucos meses foi ela explorada no filme “Mayerling”. As forças secretas que lutam contra a Igreja conseguiram que fossem aceitos como preceptores desse príncipe dois homens conhecidos pela sua impiedade. Sabe-se como esse infeliz moço desceu até ao mais profundo abismo da desonra e do desespero, terminando sua vida pelo suicídio. Explorando e alimentando as paixões dominantes da natureza humana através de todos os sentidos e fazendo abertamente a propaganda do suicídio, classificando-o como o ato mais elevado de coragem que o homem possa praticar, os inimigos de Deus e de Sua Igreja, como já dissemos, podem chamar a si a triste glória de expor tão grande número de almas à condenação eterna. |