Plinio Corrêa de Oliveira

 

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A descoberta da pólvora

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 8 de outubro de 1939, N. 369, pag. 2

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Quando a Rússia anunciou ao mundo o seu acordo com a Alemanha, muitos poderão ter-se surpreendido. Nós, entretanto, achamos que a coisa nada tinha de absurda, sendo, muito pelo contrário, o corolário natural das ideologias imperantes naqueles dois países. Esta folha teve, mesmo, ocasião de provar abundantemente que previra aquele acontecimento, com bastante antecedência, a despeito do preconceito imperante, que dividia arbitrariamente o mundo em dois grandes grupos antagônicos: direitas e esquerdas.

Ora bem, eis que, agora, querem usurpar-nos a primazia. Enquanto que a nossa previsão datava de regular lapso de meses, apareceu quem diz tê-la formulado há já bons 15 anos. E esse alguém é nada mais nada menos que o conspícuo sr. Nitti, o ex-presidente etc. etc. [Francesco Saverio Nitti, 1868-1953, foi um político italiano. Ocupou o cargo de primeiro-ministro da Itália entre 23 de Junho de 1919 até 15 de Junho de 1920, n.d.c.] que afirmou solenemente haver escrito, em livro publicado em 1924, que fascismo e comunismo eram a mesma coisa porque ambos representavam a tirania de um homem e de um partido, com o intuito de dominação.

Senhores: estamos diante da descoberta da pólvora!

Que nazismo, fascismo e comunismo têm todos um denominador comum, é coisa que não nos fartamos de afirmar; mas nunca nos arriscaríamos a sustentar teses com razões tão frágeis.

De fato, seria a mais rematada ingenuidade acreditar que esses regimes são simples funções de um homem. Lenin morreu, mas nem por isso morreu o comunismo. Quanto à exclusividade partidária, que não admite facções políticas concorrentes, é preciso considerar que a política baseada no jogo de partidos organizados é invenção relativamente muito nova, desconhecida em todos os demais períodos da História. Portanto, até agora não encontramos a base comum, em que se apoiariam tanto as direitas como as esquerdas.

Falta o “intuito de dominação”, que é própria às tiranias. Mas um tirano não está necessariamente de acordo com outro tirano; os exemplos neste sentido são inúmeros. E se o fenômeno totalitário fosse apenas questão de um grupo de aventureiros, que, pela força quisesse parasitar as coletividades, seria um perigo muito reduzido: a ambição cria mais inimizades do que alianças.

A verdade é muito mais profunda. Os totalitarismos de direita e de esquerda têm de comum a concepção da vida, da felicidade, do fim do homem, de maneira a subordinar a pessoa integralmente ao Estado, tendo em vista a formação de uma sociedade inteiramente naturalista e pagã. E a esta finalidade não é completamente alheio, muito pelo contrário, o liberalismo do sr. Nitti...


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