Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

Propaganda anticatólica

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 3 de setembro de 1939, N. 364, pag. 2

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É absolutamente indubitável que assistimos, neste momento, a uma verdadeira ofensiva anticatólica, desferida por espíritas, protestantes, etc., em todos os setores de nossa vida social.

Conquanto seja ainda diminutíssimo o número de pessoas filiadas a tais seitas, considerados em proporção à grande massa católica, não há, a bem dizer, um único jornal “neutro” de São Paulo que, em sua seção religiosa, não tenha, ao lado da coluna católica, uma alentada coluna protestante. Assim, pois, o vírus da propaganda herética penetra, juntamente com o jornal “neutro”, na quase totalidade dos lares católicos.

Não contentes com isto, protestantes e espíritas se servem hoje, em larga escala, do rádio para a sua propaganda. Assim é que já temos “meias horas” evangélicas, espíritas, em mais de uma estação de rádio. Ninguém ignora o poder da difusão próprio ao rádio. Esse poder de difusão, a heresia o tem, em larga escala, ao seu serviço.

Finalmente, a ofensiva se delineia, agora, também por meio da distribuição de panfletos. Em uma das esquinas do Largo da Sé, vendem-se folhetinhos ignóbeis - a palavra ainda é generosa - que fazem ao mesmo tempo propaganda espírita e fascista. Espírita, porque exaltam o espiritismo como a mais alta das religiões. Fascista, porque apontam o fascismo como aliado do Catolicismo na tarefa de oprimir o mundo. De onde muito individuo ingênuo ser levado a fazer o seguinte raciocínio: se os espiritas combatem o fascismo como aliado do Catolicismo, é porque aquele presta a este um real serviço. E, assim, os católicos que não se deixarem fisgar pelo espiritismo começam a simpatizar com a fascismo...

Recentemente, uma pessoa moradora no Jardim América nos trouxe outro panfleto espírita. É uma reedição sem originalidade e sem lógica, das mais esgotadas dentre as acusações maçônicas e liberais contra a Igreja. A Inquisição, o luxo dos Papas, os Borgias, as incompatibilidades entre o dogma católico e a ciência, enfim tudo quanto se articulava há 50 ou 80 anos atrás contra a Igreja, foi aproveitado nos tais panfletos, e copiosamente distribuído no Jardim América.

Se chamamos a atenção de nossos leitores para estes fatos, não nos leva a isto o intuito de lhes diminuir as energias e o entusiasmo, à vista do perigo. Pelo contrário, assinalamos o perigo para que os católicos redobrem de ardor e de atividade.

O redator destas linhas conversava, certa vez, com um virtuoso Missionário Capuchinho, sobre o deplorável alastramento que os cultos cismáticos orientais vêm tendo entre nós. O Missionário ouviu os comentários sem grande entusiasmo. Por fim, interrompeu-os dizendo: o que me preocupa não é a atividade dos hereges, mas a frieza e a ignorância religiosa dos católicos. Sejam os católicos o que realmente devem ser, e as heresias fugirão do Brasil como que por encanto.

Realmente qual a heresia que pode lutar com vantagem contra católicos ardorosos, de uma instrução religiosa real, de uma vida interior autêntica, e por isto mesmo de um invencível ardor apostólico, de uma indefectível energia e de uma inesgotável atividade?


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