Plinio Corrêa de Oliveira

 

Comentando...

D. Duarte e Mons. Passalacqua

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 9 de julho de 1939, N. 356, pag. 2

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Inexatidões de um jornalista a respeito destas duas grandes personalidades.

Há certas pessoas que não sabem elogiar. Quando têm de o fazer, não encontram outro recurso senão o de denegrir um adversário real ou postiço do homenageado, e, não raro, acontece denegrir a ambos. Constitui exemplo típico o caso de Humberto de Campos que, no discurso oficial na Academia de Letras, quando, segundo a praxe, deveria fazer o elogio de seu antecessor, deixou a todos os colegas muito incomodados, pois ninguém poderia dizer se aquilo era elogio ou diatribe.

Parece que aconteceu fenômeno semelhante com a pessoa que, subscrevendo-se G., quis, pelas colunas do “Diário de S. Paulo”, exprimir sua admiração póstuma a Mons. Passalacqua, por ocasião do 19º. aniversário do falecimento deste grande prelado.

Em resumo, G. disse o seguinte: que Mons. Passalacqua era Reitor do Seminário quando D. Duarte ali foi aluno, não tendo havido grandes simpatias entre ambos; que mais tarde, sendo Mons. Passalacqua protonotário apostólico com direito a mitra e pontifical, não conseguiu nunca usar a primeira e oficiar a segunda, porque, quando era ocasião, aparecia inopinadamente D. Duarte, em cuja presença Monsenhor não poderia fazer ambas as coisas, com seu grande desgosto.

G. procurou justificar-se destas malévolas insinuações, alegando que tanto Monsenhor como D. Duarte já eram falecidos. Ora, a justificação é contraproducente. Além do mais:

1º) Não é exato que Dom Duarte tenha tido como reitor a Mons. Passalacqua, pois que Dom Duarte se ordenou em 1892 e Mons. Passalacqua foi nomeado reitor do Seminário em 1895;

2º) Não é exato que, como protonotário, Monsenhor nunca tenha usado mitra; várias vezes pontificou na Igreja do Carmo, como podem atestá-lo muitos carmelitas ainda vivos;

3º) Dom Duarte não podia tê-lo impedido, pois que muito antes de sua vinda para São Paulo (1909) Mons. Passalacqua já era protonotário (1900);

4º) Não é exato que seja proibido ao protonotário usar mitra na presença de seu bispo; basta ir-se ao Rio de Janeiro, e lá se verá muito protonotário pontificar perante o Cardeal;

5º) É impossível ter-se dado o caso de Mons. Passalacqua estar preparando-se para uma Missa Pontifical e dar-se o aparecimento inopinado de Dom Duarte. A Missa Pontifical do Bispo Diocesano é muito diferente da do protonotário: ela exige a ereção do trono, a presença de maior número de padres e outros preparativos que não se podem improvisar. Além disso, o protonotário, para pontificar, precisa do consentimento do Bispo, e não é crível que Dom Duarte desse o consentimento e viesse cassá-lo no momento da execução.

Como se vê, G. falhou na homenagem e falhou na anedota.


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