Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Protestantadas

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 2 de julho de 1939, N. 355, pag. 2

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Aqui em São Paulo, algumas vezes, surgem esboços de ofensiva da propaganda protestante. Ainda há pouco encontravam-se pela cidade, pequenos magotes circulares de povo. A gente pensava que era “camelô”, mas, quando se ia ver de perto, topava-se com um sujeito arreverendado, de Bíblia na mão, esfalfando-se em brados inúteis, que não conseguiam sobrepujar o ruído desta nossa barulhenta Capital.

Tudo isto passa, entretanto, como passam os comichões, e sem outro resultado prático a não ser algumas gargantas inflamadas, muitos gargarejos e, talvez, um par de amígdalas extirpadas.

Sabemos, porém, que, em certas regiões do interior do país, a propaganda protestante é muito mais tenaz, e tem outra virulência. Felizmente, o nosso caboclo é desconfiado, máxime em relação às pessoas bem falantes, oriundas de grandes cidades. Não faltarão, no entanto, almas ingênuas que se deixem iludir pela argumentação fácil de indivíduos aparentemente civilizados e ilustrados.

Dada a ignorância bastante acentuada do grosso das populações brasileiras, fenômeno natural se atentarmos para a extensão do país e para a crise de rápido crescimento por que passamos, esse perigo avulta singularmente. Assim, temos em mãos um pequeno folheto protestante, posto em circulação numa daquelas regiões mencionadas, espécie de panfleto ignóbil e nojento, recheado de expressões baixas e indecorosas contra a Santa Igreja Católica, e que maneja exatamente com a ignorância religiosa de nosso povo. Os próprios protestantes nunca deixariam que semelhante documento fosse publicado num centro um pouco mais culto, em vista do excepcional acúmulo de idiotices com que se acha ornado, e que iria colocá-los no ridículo.

Querem a prova?

O malfadado folheto tem por finalidade, como já seria de esperar, combater a devoção nacional à Nossa Senhora Aparecida. O seu esclarecido autor não achou melhor argumento senão este: se a Padroeira do Brasil é verdadeiramente poderosa, por que foi, então, que colocaram um para-raios no alto de sua igreja?

Talvez que o asno de Balaão saiba responder ao autor, que se afogou em tão pouca água.

Porém é bem de ver que semelhante pergunta tende a arruinar não somente o culto à Nossa Senhora Aparecida, mas todo e qualquer sentimento religioso. De fato, se tirarmos todas as consequências daquele argumento, não mais deveríamos trabalhar para abrigar-nos; pois Deus, que é Bom, e sumamente Poderoso, deveria evitar que fossemos molestados, não só pelos raios, mas pela chuva, pelos ventos, pelo frio, e deveria ainda fazer cair diariamente o maná do Céu para alimentar-nos; isto é, como se Deus fosse um criado às nossas ordens, para servir à nossa preguiça e imprevidência.

Mas não se deu por satisfeito o arguto panfletário. Continuou a sua lenga-lenga malcriada, repisando com notável falta de imaginação, e estafadíssima balela da pretendida idolatria católica, até chegar à revelação desta admirável, estupenda, brilhante descoberta: “A imagem de N. S. Aparecida é feita de madeira”!

Os protestantes só hoje conseguiram descobrir aquilo que uns pobres pescadores já haviam verificado em 1719, quando prodigiosamente recolheram a imagem das águas do Rio Paraíba. E, por isso que é de madeira, e, portanto, frágil, é que nós a cercamos de precauções, inclusive para-raios e o que mais se venha a inventar em matéria de segurança. O seu culto é sobremaneira agradável à Nossa Senhora e ao seu Divino Filho, tanto que Ela se dignou a realizar grandes milagres junto à tosca imagem. Por isso guardamo-la como uma preciosidade, não por causa da madeira, mas por causa d'Aquela que quer ser honrada com o título cheio de consolações para nós de Nossa Senhora da Imaculada Conceição Aparecida, Padroeira do Brasil.


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