Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 18 de junho de 1939, N. 353, pag. 2 |
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Vem-nos, de Berlim, a notícia da dissolução, pela polícia, da Associação dos Cavalheiros de Maria, por atividade hostil ao Estado. Esta associação fora constituída no seio da Ação Católica, para os seus membros, e tinha por finalidade “formar uma elite no interior da A.C.”, conforme a expressão dos estatutos. Ora, segundo reiteradas declarações dos Papas que se ocuparam com o assunto, a Ação Católica, é um movimento de elite, que deve congregar a nata dos católicos de cada país. Portanto, os Cavalheiros de Maria constituíram uma aristocracia dentro de uma elite, uma quintessência de espiritualidade católica. Tinham mais em vista a vida de oração do que a atividade social, não que desprezassem esta última, mas justamente para dar-lhe aquele lastro de vida interior, sem a qual toda atividade externa se torna estéril, sendo perigosa. É digno de nota o admirável instinto sobrenatural da associação dissolvida, ao se colocar sob o signo mariano para a consecução de tão nobre objetivo. É, também, muito de se notar o fato da polícia nazista haver escolhido o mês de Maria, para a execução de tão monstruoso atentado. Disseram que a associação exercia atividades hostis ao Estado. À primeira vista, parece mais uma das monumentais patranhas hitleristas. Pois uma entidade que se destina ao cultivo da vida interior poderá oferecer algum perigo para o Estado? Mas, talvez pela primeira e última vez, o nazismo disse a verdade: de fato, a Associação dos Cavalheiros de Maria era perigosa, era imensamente perigosa para o estado pagão de Hitler. O culto mariano é mortal para os inimigos da Igreja. E, ainda bem recentemente, o falecido Papa Pio XI nos recomendava com tanta insistência, a todos os fiéis, a recitação diária do Santo Rosário, como remédio mais eficaz para os males do século! A oração é a mais terrível das armas, que nós, católicos, temos à nossa disposição. Portanto Hitler agiu com argúcia verdadeiramente diabólica, ao ordenar o fechamento daquela organização da Ação Católica alemã. Quem é que, não sendo católico, poderia suspeitar que uma agremiação de pessoas, reunidas para a prática da vida interior fosse perigosa para a estabilidade de um governo? |