Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

São Pedro Canísio

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 23 de abril de 1939, N. 345, pág. 4

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São Pedro Canísio S.J. (1521-1597), holandês e primeiro jesuíta da província alemã, é considerado pela Igreja Católica como o segundo mais importante apostolo da fé católica na Alemanha. Foi apelidado “Martelo dos Hereges” pela clareza e eloquência com que criticava as posições dos cristãos não católicos. Foi canonizado e proclamado Doutor da Igreja pelo Papa Pio XI em 1925. Atualmente, sua festa se comemora a 21 de dezembro.

Em 1521, era preceptor dos filhos do duque de Lotaríngia um conselheiro muito virtuoso, casado com uma senhora distintíssima e, como ele, virtuosa. Desse casal nasceu um menino privilegiado, que muito cedo se distinguiu de seus companheiros pela piedade e por sua pureza absolutamente viril, porque heroica.

Menino ainda, passava horas inteiras ao pé do Crucifixo, e durante à noite levantava-se muitas vezes para rezar. Todas as diversões legítimas que ele se permitia eram sempre acompanhadas por alguma penitência pelo mal que essas mesmas diversões podiam fazer a outros.

Reunia frequentemente os seus companheiros e lhes explicava as cerimônias da Missa e ensinava-lhes a doutrina Cristã, pois as heresias protestantes já começavam a fazer o seu dano. Aquele que devia ser Santo não se envergonhava da virtude, e à menor palavra ou gesto desonesto, ele manifestava o seu desagrado. Por essa ocasião, uma pessoa privilegiada profetizou a sua entrada numa Ordem que ainda não existia.

Sendo São Pedro extremamente inteligente, foi confiado a um célebre doutor Esch, grande mestre de teologia e da vida interior, o que muito o auxiliou. Pedro sempre se lembrou com gratidão do seu bom mestre e principalmente dele o ter uma vez chamado à ordem por estar afrouxando o cuidado que tinha com a sua vida interior. Com Esch acostumou-se à leitura espiritual e à meditação. Adiantou-se assim tanto em caridade, que por várias vezes vendeu seus livros para auxiliar os necessitados.

O seu pai tinha grandes esperanças no seu futuro, e com solicitude arranjou-lhe um ótimo casamento. Mas Pedro havia feito voto de perpétua castidade porque pretendia ingressar em alguma Ordem, para se dedicar inteiramente ao serviço de Deus.

A fama do célebre discípulo de Santo Inácio, o Padre Faber, o atraiu à Mogúncia, onde foi fazer um retiro espiritual. E o resultado foi ele pedir para ingressar na Companhia (jesuítas).

Logo depois de sua profissão foi mandado para Colônia, onde, em companhia de um outro jesuíta, devia fundar uma nova residência. Acabado os seus estudos recebeu as ordens maiores, começando então a sua vida de grande escritor e grande viajante.

Lecionou teologia e pregou a palavra de Deus. Em todas as suas pregações visava antes de tudo a nascente heresia protestante.

Seu prestígio era tão grande, que foi mandado para junto do imperador que se achava em Worms, para conseguir a deposição do Arcebispo de Colônia que favorecia escandalosamente a reforma (protestante). Conheceu então o Cardeal Otão de Augsburg, que o delegou como seu substituto no Concílio de Trento. De Trento foi a Roma encontrar-se com Santo Inácio.

O rei Fernando, conhecendo os seus grandes méritos, alcançou de Santo Inácio a sua transferência para Viena, onde o protestantismo tinha causado grande dano. Lá animou os católicos à resistência, governando a arquidiocese por espaço de um ano, recusando depois a dignidade episcopal. Foi aí que, a pedido do rei Fernando, compôs o seu célebre Catecismo, um dos instrumentos mais eficazes de combater ao protestantismo que a Providência pôs à disposição dos católicos.

Enquanto Provincial da Ordem na Alemanha e Áustria, ele impeliu o rei Fernando e o Cardeal de Augsburg a uma forte resistência contra o protestantismo, respondendo com vantagens a Melanchton, descobrindo desapiedadamente as cisões já então nascentes no protestantismo.

Todos os Capítulos realizados em sua vida contaram com a sua presença, assim como o Concílio de Trento, onde foi instrumento da Providência para que as coisas chegassem a bom termo.

A sua vida ativa não impediu que escrevesse muito e tivesse uma vida interior intensíssima. O Papa Pio XI, canonizando-o, mostra claramente ao mundo como um apostolado bem orientado, mas só bem orientado, auxilia a vida interior, encaminhando assim quem a faz à santidade.


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