Plinio Corrêa de Oliveira
Evangelho
Legionário, 5 de março de 1939, N. 338, pag. 5 |
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Segundo Domingo da Quaresma São Mateus, cap. XVII, vers. 1-9 Naquele tempo, tomou Jesus a Pedro, Tiago e João, seu irmão, e conduziu-os de parte a um monte elevado, e transfigurou-se diante deles. Sua face tornou-se refulgente como sol, e seus vestidos alvos como a neve. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com Jesus. Tomando a palavra Pedro disse a Jesus: Senhor, é bom estarmos aqui, se queres façamos aqui três tabernáculos, um para ti, outro para Moisés e outro para Elias. Falava ainda ele, quando uma nuvem deslumbrante os envolveu. E saiu da nuvem uma voz que dizia: Este é o meu Filho bem-amado, em quem pus as minhas complacências; ouvi-O. Ouvindo esta voz os discípulos caíram de bruços e tiveram grande medo. Porém, Jesus se aproximou, tocou-os e lhes disse: Levantai-vos e não temais. Eles, alçando os olhos, a ninguém mais viram senão a Jesus. Descendo da montanha lhes ordenou que não dissessem a ninguém o que viram senão depois que o Filho do Homem ressuscitasse dentre os mortos.
Em Cesareia de Filipe, por uma revelação especial do Pai, Pedro, em nome dos Apóstolos, professara fé na divindade de Jesus Cristo: “Tu és o Cristo, filho de Deus vivo”. – Seis dias depois, toma-o Jesus à parte com Tiago e João, sobe a um monte e dá-lhe, bem como aos companheiros, mais uma prova estupenda irrefragável de sua origem divina. Transfigurou-se aos seus olhos, manifestou-lhes toda a glória que era devida à sua natureza humana, graças à união substancial com Deus. Para corroborar este fato, Moisés e Elias, a Lei e os profetas, os homens mais eminentes do Velho Testamento, os mais acreditados representantes de Deus na terra, ali apareceram para render homenagem ao Mestre. Por fim, para que não restasse a menor dúvida sobre a natureza divina de Jesus Cristo, o sinal próprio das teofanias, a nuvem lúcida sob cujo véu Deus se manifestava ao seu povo, veio ela também envolver o Salvador. E enquanto os Apóstolos aterrados prostravam-se em adoração, o Pai Celeste dava testemunho do seu Divino Filho: ”Este é o meu Filho bem amado”. Era bom que aos Apóstolos, destinados a testemunhar a agonia do Getsêmani, oferecesse Jesus para confortá-los anteriormente o espetáculo magnífico da sua transfiguração, bem como, a homens tão tardios no reconhecimento da Paixão dolorosa que, segundo as Escrituras, devia sofrer o Salvador, desse a misericórdia de Deus para assegurar-lhes a fé um argumento insofismável da divindade do mesmo Salvador. A nós, a transfiguração de Jesus Cristo lembra-nos uma grande e capital máxima do Cristianismo. Aquela glória que Jesus manifestou aos seus apóstolos, conquistou-a Ele definitivamente por seus muitos sofrimentos: “Foi necessário que Jesus muito padecesse e assim entrasse em sua glória”. Também para nós, nossa glória se condiciona à participação nos sofrimentos de nosso Divino Mestre. |