Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Indústrias em super-produção

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 19 de fevereiro de 1939, N. 336, pag. 2

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No ano de 1932, em que São Paulo sofreu o auge da sua depressão econômica, o valor da produção industrial do Estado foi de 1.944.987:535$; anteriormente à crise, este valor acendera a 2.281.878:287$, em 1928. Como se vê, não foi assustadora a deflexão; muito pior aconteceu com o café, que de uma exportação de um milhão e seiscentos mil contos em 1928, passou para apenas seiscentos mil, em 1932.

Deste ano para cá, é evidente que passamos por um grande surto de prosperidade; basta que se considere o número de construções em nossa Capital durante o ano passado. O valor de nossa produção industrial subiu a 3.279.603:389$, em 1936. Neste mesmo ano, a exportação de café pelo porto de Santos representou, aproximadamente, um milhão de contos. Entretanto, maior foi a contribuição do café para a economia nacional, pois que aí não está compreendida a taxa de 15 shillings sobre cada saca de café exportada, taxa que ia, diretamente, para o Governo Federal, e que rendeu ainda em 1936, cerca de 500.000 contos.

O que é fato é que, enquanto a indústria progredia, a lavoura cafeeira mais se atolava em déficits, pois que o preço pago ao produtor poucas vezes cobria o custo de produção. Entretanto, somos um país agrícola, isto é, um país que vive quase exclusivamente da exportação de produtos agrícolas. Donde veio, portanto, o progresso da indústria manufatureira, que nada exporta de suas produções?

É do couro que saem as correias. No caso, o couro era o café. Podia o fazendeiro suportar escassez de braços, secas, chuvas excessivas, ventos, frios, a cupidez fiscal, a usura, para depois vender a safra com prejuízo, e ainda ser acusado de gastador e perdulário. Os lucros, estes eram do comércio, da indústria e do banqueirismo. Não acusamos a indústria de explorar diretamente as classes agrícolas; esta exploração era feita especialmente pelos bancos, mas a indústria tirava seus proveitos da situação iníqua.

Hoje, fala-se de super-produção industrial. O que há é subconsumo. As populações agrícolas, que são a parte ponderável do povo, depauperadas por contínuas sangrias econômicas, já não podem comprar grandes quantidades de produtos manufaturados.

Há uma fábula de La Fontaine, em que se conta a história de um macaco que, para dormir, gostava de aconchegar-se ao pelo quente de um gato angorá. O macaco, porém, tinha o péssimo costume de roubar a comida ao gato. Uma noite, encontrou seu companheiro gelado.

Há, ainda, outra fábula, da [...] [erro tipográfico do original impresso; não há continuação do texto].


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