Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Cristo na escola

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 13 de novembro de 1938, N. 322, pag. 2

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Um velho lente da Escola Normal, hoje aposentado, membro da Igreja Positivista do Brasil, enviou uma carta à comissão encarregada pelos professores de 1913 de promover as comemorações do 25º. aniversário de formatura. Como já foi amplamente noticiado, faz parte daquelas comemorações a entrega de um Crucifixo, que será colocado no vestíbulo da Escola Normal. Pois bem, o referido lente, em sua carta, que foi publicada pela imprensa, profligou semelhante solenidade, aliás em termos corteses, apoiado em suas convicções positivistas.

Assim, afirma que, segundo demonstra a sociologia, é necessária a separação entre a Igreja e o Estado para que haja ordem e subsequente progresso; desta forma, a religião deveria ser apenas um sentimento recolhido no último recesso da consciência, como algo de absolutamente indesejável para o progresso social.

Ora, tal afirmação não é verdadeira. A sociologia e a psicologia de Comte já estão cheias de teias de aranha. A psicologia moderna reconhece a importância da atividade religiosa, tanto que William Douglas, pragmatista, já lhe dedicou estudos aprofundados. Por outro lado, no plano da vida social, [Benjamin] Kidd já demonstrou o papel preponderante da fé na evolução das sociedades. Portanto, ao contrário do que afirmou o missivista, o desconhecimento, por parte do Estado, das aspirações religiosas, que são naturais ao homem, é que iria produzir a desordem.

Concretamente, no caso do Brasil, em que a quase totalidade da população é católica, a situação de fato é a seguinte: todo brasileiro, com raríssimas exceções, é, ao mesmo tempo, membro de duas sociedades diferentes, a saber, o Estado brasileiro e a Igreja Católica, Apostólica, Romana; e estas duas sociedades, não poucas vezes, dispõem sobre os mesmos assuntos, como acontece, por exemplo, com o casamento. Ora, para que haja ordem, é necessário que essas duas sociedades estejam de acordo entre si para que aquilo que uma ordena não seja proibido pela outra, e vice-versa. Logo, para que reine a ordem no Brasil é preciso que o Estado esteja em harmonia com a Igreja Católica.

Isto não quer dizer que o Estado se transforme num tirano das consciências, mas significa apenas que este mesmo Estado, vendo que o que há de ponderável e apreciável na nacionalidade é católico, não faz a injúria de equiparar o catolicismo a quaisquer outras correntes religiosas ou filosóficas.


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