Plinio Corrêa de Oliveira

 

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Ponderação oportuna

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 23 de outubro de 1938, N. 319

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S. Excia. Revdma. o Sr. Arcebispo-Bispo de Campos, Dom Octaviano Pereira de Albuquerque, quando de sua recente visita a esta folha, teve a gentileza de nos fornecer cópia do discurso com que acolheu, em Campos, o Sr. Presidente da República.

Essa peça oratória é digna da meditação em vários de seus tópicos, e o LEGIONÁRIO não se pode furtar ao desejo de dar a conhecer os principais dentre eles.

Conterrâneo do dr. Getúlio Vargas, e amigo pessoal do Presidente, a quem está ligado por antigas e ininterruptas relações, o Sr. Arcebispo-Bispo de Campos começa por lhe desejar as boas vindas e afirmar que o Brasil recebeu numerosos benefícios da gestão Getúlio Vargas.

Em seguida, S. Excia. Revma. acentua um dos traços característicos do Presidente da República, a “bonomia com que a todos atende, ouvindo tranquilo as mais contraditórias opiniões a respeito das coisas e dos homens, parecendo, muitas vezes, esperar que mais decidam sobre elas e eles as circunstâncias, do que sua autoridade”.

Depois de acentuar quantos choques essa atitude tem evitado e amortecido, o venerando Prelado mostra a analogia que existe neste particular entre o Chefe do Estado brasileiro e o português, e mostra o mal que o abuso da autoridade tem causado em outros países da Europa. Termina fazendo votos porque não enverede por este caminho o Sr. Getúlio Vargas, mas que, pelo contrário, “perceba claramente e repila constantemente os pareceres daqueles que, amigos fingidos, pretendam insinuar na ação governamental a realização de seus ímpios ideais, talvez no intuito malfazejo de privar o Presidente da simpatia popular”.

Não podia ser mais oportuna a ponderação do ilustre Príncipe da Igreja. Por estas colunas, já temos protestado contra certos jornalistas que, ao elogiar o Sr. Getúlio Vargas e a constituição de 10 de Novembro, se esforçam por acentuar e exagerar as analogias entre a obra do Sr. Getúlio Vargas e a do Sr. Hitler. Não se podia fazer pior propaganda do atual regime, e convém que o tenham bem em mente os tais jornalistas que se dão ares de oficiosos. Ou o Estado brasileiro será qualquer coisa inteiramente diversa do nazismo, ou terá contra si todos os católicos, isto é, todo o Brasil.

E a nós não nos resta senão orar também para que o Governo saiba evitar o abismo que sob seus passos querem cavar alguns jornalistas... cavadores.


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