Plinio Corrêa de Oliveira

 

 

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Academia dos perplexos

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 4 de setembro de 1938, N. 312, pag. 2

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Durante a semana transata, o “Estado de S. Paulo” publicou um artigo em que se descreve uma instituição tipicamente nazista: a “Escola de Führers”.

Estas escolas têm por objetivo a formação de chefes que deverão garantir a perpetuidade da máquina nazista. É interessante, entretanto, a concepção hitleriana do “chefe”. Nestas escolas que, por muitos aspectos será semelhante a conventos, a educação intelectual é restrita, cedendo lugar à educação física: os alunos serão tratados com muita pouca arte, e com exuberância de brutalidade. Sairão dali esplendidas cavalgaduras, de cérebro estreito e patas largas, o que está perfeitamente de acordo com um regime que não vê nada além da bota militar.

Diante de tudo isso, o articulista do “Estado” mantém-se numa atitude dúbia, que não é de elogio nem de condenação, sendo uma coisa e outra. Em primeiro lugar tem a inconsciência de reconhecer nobreza e majestade àquelas escolas que dificilmente se poderiam distinguir de campos de adestramento de animais. Mas acrescenta “não pode deixar de assustar uma instituição... que, se não formar santos, há de forçosamente formar monstros”. Note-se a ressalva: “...se não formar santos...”. É assim como quem diz: se isto não for doce, forçosamente não será açúcar...

Afinal, em que ficamos?

O próprio articulista não saberia responder. Ele é dos tais que não saberiam dizer com certeza se escreveram ou não um artigo para o “Estado”, se moram ou não no mundo da Lua. É um membro da “Academia dos Perplexos”, dos que não dizem sim nem não, cheios de adiposa (gordurosa, n.d.c.) prudência.