Plinio Corrêa de Oliveira

 

Uma reflexão útil para o século dos führers e dos ditadores

 

 

 

 

 

 

 

 

Legionário, 21 de agosto de 1938, N. 310

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A Santa Igreja celebrou nesta semana as festas de dois reis que foram ao mesmo tempo grandes Santos e grandes estadistas.

 

Santo Estevão, estátua em Budapeste (Hungria)

Santo Estevão foi, a bem dizer, o fundador da monarquia húngara, o estadista de visão larguíssima e de pulso vigoroso, que soube iniciar e consolidar a assimilação da civilização europeia pelos magiares ainda bárbaros e pagãos. Para o êxito desta obra teve ele de vencer a oposição de seu povo, famoso pelo seu espírito combativo e voluntarioso que, exacerbado pela barbárie, aceitou com dificuldade a disciplina da civilização.

 

São Luís, Rei de França. Batalha de Taillebourg

São Luís IX foi o consolidador da monarquia francesa, cuja unidade salvou de perigos iminentes. Lutando contra os ingleses que queriam uma parte do solo francês, lutando contra os grandes senhores feudais, que negavam obediência à coroa, lutando contra os mouros que ameaçavam a Europa, Luís IX foi um dos soberanos mais ativos e mais enérgicos que a França teve. Grande protetor das ciências, das letras e das artes, sua ação administrativa foi das mais fecundas.

O que é curioso notar é que esses dois reis tão enérgicos e tão varonis, revestidos embora de uma autoridade sem limites, nunca abusaram de seu poder para aventuras políticas, extorsões fiscais, ou abusos contra os pobres, os órfãos e as viúvas, para os quais tinham um coração de mãe.

Nosso século, que se compraz em investir em poderes discricionários führers, líderes e ditadores, reflita um pouco nisto.

É só sob a influência da Igreja que podem florescer os estadistas capazes de usar o seu poder com a firmeza e a suavidade necessárias.

Quanto aos estadistas não católicos da direita como da esquerda ou do centro, estão expostos a se deixarem desarmar ante o inimigo por um sentimentalismo imbecil e covarde, ou fazerem de seu poder um instrumento de tortura que acabará por supliciar até a parte sã do país. Kerensky ou Hitler, não há outra solução.


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