Plinio Corrêa de Oliveira
Comentando...
Legionário, 7 de agosto de 1938, N. 308, pag. 2 e 3
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“... e então o chefe ordenou um ataque de surpresa e os trucidou quase todos. Na embriaguez da vitória, cortaram as cabeças aos cadáveres, e trouxeram-nas em triunfo. Os corpos das vítimas ficaram insepultos, entregues à sanha dos corvos. Gente acorre de todos os lugares para ver as cabeças decepadas, que atestavam o desbarato do inimigo. E, como nem todos pudessem vê-las, foram estampadas. E as estampas percorreram o país, entre o regozijo geral. “Entretanto, o bando inimigo não fora aniquilado. O mais facinoroso dentre os que o compunham, conseguira fugir, na confusão da refrega. E começou a percorrer a região, cortando a cabeça a quem se lhe deparava. “Eram cabeças demais; sobravam cabeças. Confundiam-se as cabeças. Todo o mundo, então, acabou por perder a cabeça.” O leitor respira aliviado, ao terminar o relato macabro. E pensa consigo: como eram bárbaros os piratas! Mas engana-se. Não se trata de piratas. Trata-se, muito prosaicamente, disso: Lampeão e o seu bando foram desbaratados pela polícia. As cabeças do chefe e de quinze companheiros foram decepadas, para autenticar a façanha. Os civilizados jornais do não menos civilizado sr. Assis Chateaubriand publicaram a fotografia destas cabeças. Um dos componentes do bando, porém, conseguiu escapar. E para vingar o ultraje, decapitou seis habitantes de uma fazenda e enviou as respectivas cabeças ao prefeito de Piranhas. O sr. Chateaubriand muito provavelmente já providenciou para que os seus jornais publiquem estas seis novas cabeças. Tudo isso, coisas de bárbaros piratas? Absolutamente! Não formemos maus juízos. Os piratas sentir-se-iam ofendidos... |