Legionário, N.o 306, 24 de julho de 1938
7 DIAS EM REVISTA
Anuncia-se que o Sr. Guido Zematto, amigo íntimo do ex-chanceler Schuschnigg, publicará em Londres um livro em que relatará o que se passou no encontro de Berchtesgaden entre o ex-chanceler austríaco e o Sr. Hitler.
O livro é esperado com grande ansiedade, tanto mais que o seu autor promete publicar documentos de grande importância relativos também às conferências entre o Sr. Schuschnigg e o Sr. Mussolini, das quais se deduziria que o Sr. Mussolini não quis salvar a Áustria do paganismo nazista.
É a tática de Lloyd George, em outro sentido. Para a Itália, a Igreja unida ao Estado. Fora da Itália, Cristo que se arranje como puder.
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É simplesmente vergonhoso o modo como está sendo julgado o Sr. Schuschnigg pelos nazistas.
Como as autoridades nazistas não encontram nada que possa de longe acusar o Sr. Schuschnigg, passam a afirmar que todos os documentos comprometedores do ex-chanceler austríaco estavam em dois maços, dos quais um fora sonegado pelo Sr. Guido Zematto para Londres na sua fuga de Viena, e o outro o coronel Adam queimara pouco antes do assalto nazista à Áustria.
O coronel Adam foi "suicidado" tendo sido atirado por uma janela da Chancelaria austríaca, e o Sr. Zematto conseguiu sair da Áustria antes da ocupação da Áustria.
De modo que toda a acusação ao Sr. Schuschnigg se reduz a papéis queimados, uma testemunha morta pelos próprios nazistas e a possibilidade de se acharem documentos comprometedores com outro homem que não está na Áustria.
Triste justiça!
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Ninguém ignora o martírio da população católica do México, oprimida pelo governo do Sr. Lázaro Cardenas.
Não obstante sua situação calamitosa, os católicos não têm, no entanto, regateado seu apoio ao governo em todas as iniciativas honestas, e ainda há pouco o Episcopado Mexicano incitou o povo a concorrer generosamente para a cobertura de um grande empréstimo lançado pelo governo.
Esperavam certos observadores que esse gesto longânimo desarmasse os perseguidores enfim tocados pela paciência da vítima inocente.
Puro engano. A perseguição continua mais feroz do que nunca.
Pode-se imaginar um fato mais sintomático de rancor nítida e exclusivamente anti-católico dos esquerdistas mexicanos?
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O Sr. Lloyd George, líder liberal inglês, enviou ao governo espanhol um telegrama de felicitações pela "heróica" resistência dos governamentais, sustentando dois anos de luta com as tropas do general Franco.
O Sr. Lloyd George, pelo que se vê, é monarquista na Inglaterra e propugnador do comunismo no resto do mundo. E, depois de ouvir com unção reverente o "God save the King", encoraja o trucidamento de sacerdotes e de aristocratas na Espanha.
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O Sr. Washington de Araújo Dias, prefeito de Ouro Preto, entregou ao Sr. Getúlio Vargas a chave da cidade, durante a visita feita pelo presidente da república a Minas.
Essa chave é de ouro retirado das jazidas locais e foi entregue ao Sr. Getúlio Vargas num estojo de jacarandá, feito de madeira da casa dos Inconfidentes.
As cidades antigas da Europa tinham muralhas que as defendiam de possíveis ataques inimigos, e o acesso a elas se fazia por portas que a determinadas horas eram fechadas a chaves.
Ouro Preto é uma cidade sem muralhas e sem portas. Não se compreende, por isso, onde foi o prefeito Washington de Araújo Dias arranjar uma chave da cidade. Seria melhor que nossas solenidades públicas se inspirassem em um tradicionalismo mais nacional.